Nasci em 15 de setembro, no Dia do Cliente – tem coisa mais propensa a quem trabalha com marketing e inteligência de mercado do que isso? Tão impressionante quanto o Olivetto, que nasceu no dia 28 do mesmo mês, dia de Santa Clara, padroeira da comunicação.
Entre as outras personalidades que nasceram no mesmo dia estão desde Agatha Christie ao príncipe Harry, este no mesmo ano, com diferença de 90 minutos. Mas uma pessoa que sempre me chamou a atenção é Antônio Abujamra.
O “Velho Abu”, como era conhecido, morreu há alguns anos e teve uma carreira espetacular, como ator, produtor e talvez o entrevistador mais “dedo na ferida” da televisão. E, por isso, sempre fui fã do Provocações, programa da TV Cultura reprisado até hoje, onde ele levava de atores e empresários a filósofos e buscava desconcertá-los com as suas perguntas. Em especial a última, que repetia três vezes, até deixá-los sem argumentos:
Afinal de contas, fulano, “O que é… A vida?”
Ele ganhou a minha completa simpatia quando alguns dos meus professores de graduação, que eram celebrados nacionalmente em seus segmentos de atuação, ficavam acuados e dissuadidos ao tentar responder à mesma pergunta de formas diferentes e cada vez mais desconcertantes.
E eu mal sabia, no auge da minha vida de graduando, que aquela simples pergunta seria o diferencial, anos depois, para pautar tantos clientes quanto os meus projetos.
Hoje, como empreendedor em dois segmentos (serviços de marketing e financeiros) e professor universitário, começo a fundamentar o meu trabalho sempre pelo branding. E em algum momento sempre a pauta cai sobre tanto a compreensão do papel da marca em questão no mercado, bem como o legado da mesma e seus líderes neste contexto.
Não sou o Velho Abu, mas acredito piamente que são as perguntas que empurram o mundo para a frente, enquanto a maioria das pessoas passa a vida à procura de respostas. É exatamente no processo de descoberta da marca e do empreendedor que aponta se o projeto de consultoria para reconhecimento de marca ou expansão de negócios será bem-sucedido.
Portanto, se você ou seu cliente não sabem o propósito da sua marca ou negócio, a chance de fracasso é muito grande. Extrair, tornar consciente a razão de existir de um negócio é o que determina o seu limite estratégico. Como diria o Homem de Lata, no Mágico de Oz, se você não sabe o caminho que seu negócio quer levar, em algum momento outra empresa, com fundações mais sólidas, vai construir um legado mais forte e perene na cabeça do seu consumidor.
Chance de estar errado? Quase zero – somente se o negócio estiver sentado em um mercado crescente como um foguete de Elon Musk, e mesmo assim é uma vitória de Pirro, dura pouco tempo.
Acho que o grande desafio nosso, como profissionais de marketing – e é o que gostaria de deixar como inspiração para esta coluna -, não está em compreender as necessidades do cliente. Isso é trivial, mas ao mesmo tempo uma miopia grave da nossa classe.
Faremos a diferença no momento que o nosso legado seja assentir ao cliente que se desenvolva, bem como seus negócios, para poder explicar a seguinte pergunta:
O que é… Sua marca? E acredite é uma jornada principalmente de autoconhecimento e de contemplação. Não é à toa que grandes marcas possuem líderes inspiradores, que são verdadeiros nortes, vivos ou mortos, para a rolagem das suas atividades.
Quando você realmente souber isso, qualquer desenho e/ou revisão e aplicação estratégica fica mais fácil. O sucesso vem a rebote. E a nossa função no mundo dos negócios, valorizada.
João Chebante é fundador da Chebante Brand Strategy
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