Eu não queria ter uma missão específica na gincana do colégio, queria mesmo é estar por dentro de tudo, dando pitacos, coordenando, ajudando, cocriando, colocando a mão na massa.
Na hora de escolher um dos cursos de comunicação social, optei por relações públicas porque compreendi que era a opção mais versátil, que abriria outras possibilidades de caminho futuro.
Na vida profissional, trabalhei com comunicação (de diversos segmentos), educação (cursos de diferentes assuntos) e agora com gestão de pessoas (que não preciso nem explicar as infinitas possibilidades de um ser). Eu nunca desenhei uma linha reta e segui de forma linear, segura e igual.
Não foi de primeira que entendi o que isso significava, muito menos sabia a potência desse perfil. Demorei para compreender que esse era meu jeito. Demorei para descobrir que tinha até nome no âmbito profissional: generalista.
Lembro direitinho de uma entrevista em que me perguntaram: “então tu não tem um conhecimento profundo assim? É uma generalista?”. Crise instaurada, sessões de terapia e conversa com amigas. Sentia-me de alguma forma menos profunda. Foi mais ou menos isso que as explicações do Google me contaram ou que quis entender naquele momento. Um especialista sabe muito de um tema em específico, um generalista sabe um pouco de várias áreas. Eu me perguntava: mas então qual é o meu valor?
Devir é um conceito filosófico que considera a mudança constante, a perenidade de algo ou alguém. Eu não sei qual será a minha próxima inquietação, mas sei que o caminho que aceitei vai me trazer muitas novidades. É isso que me inspira e me movimenta.
O mundo está cheio de problemas complexos para a nossa cocriação. Especialistas e generalistas são bem-vindos para restaurarmos o nosso senso de interesse, conexão, comunidade e capacidade de regeneração.
Generalistas da vida: uni-vos! É especial demais ser múltiplo.
Aline Bohn é head de cultura e pessoas na DZ Estúdio