Marcas da segunda indústria que mais polui contam quais ações adotaram para futuro sustentável, ético e socialmente responsável
A moda é considerada um fenômeno histórico-sociocultural que, além de proteger e entregar conforto no nosso cotidiano, também é forma de expressão - permitindo que personalidades, gostos e culturas sejam transmitidos através de simples peças de roupas.
O Dicionário da Academia Brasileira de Letras define a moda como maneira de agir ou pensar. Um jeito, estilo, modo. Um conjunto de usos ou de práticas coletivas fundidas e generalizadas numa determinada época ou lugar. Como a arte, a indústria e o comércio do vestuário.
Ao longo das últimas décadas, a indústria da moda experimentou um notável crescimento, se tornando uma das maiores indústrias do mundo. Naturalmente, a produção em massa de roupas foi normalizada, com preços mais acessíveis e mudanças rápidas nas tendências que estimularam um hábito: pessoas comprando e descartando roupas em um ritmo nunca visto antes.
De acordo com um levantamento da Global Fashion Agenda, a indústria da moda é a segunda mais poluidora do mundo. Nos últimos anos, mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartados e a projeção é um aumento de 60%, ou mais de 140 milhões de toneladas, nos próximos anos.
E não apenas o meio ambiente é afetado, como também a sociedade. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o Brasil possui cerca de 18 mil empresas do setor de vestuário em funcionamento e gera cerca de 957 mil empregos diretos.
Com tantos pontos de atenção em destaque e o despertar de uma consciência em muitas empresas do setor - que já buscam adotar práticas mais conscientes -, um conceito do mercado se sobressai, resumido em três letras: ESG.
ESG
ESG é uma sigla que representa três importantes elementos, sendo eles: Ambiental (Environmental), Social (Social) e Governança (Governance). Esses três pilares formam um conjunto de critérios utilizados para avaliar o desempenho de uma empresa em termos de sustentabilidade e responsabilidade corporativa.
No setor do vestuário, o ESG implica na adoção de práticas mais sustentáveis, éticas e socialmente responsáveis em todas as fases de operação - desde a produção até a comercialização dos produtos.
Aspecto ambiental
No aspecto ambiental (E), algumas empresas de vestuário já estão buscando formas de reduzir seu impacto. Isso inclui a adoção de práticas sustentáveis na produção de roupas, como o uso de materiais orgânicos, reciclados ou de baixo impacto ambiental. Além disso, a eficiência energética e a redução do consumo de energia nas instalações de produção e logística são aspectos essenciais para minimizar a pegada de carbono da indústria da moda. A gestão de resíduos também é uma preocupação, com um foco crescente na minimização de resíduos têxteis e na promoção de práticas de reciclagem e reutilização.
Os desafios quanto ao meio ambiente do setor do vestuário estão ligados, principalmente, à geração de resíduos e ao descarte das peças. Com o foco em diminuir os resíduos gerados pelas peças de roupas e calçados, o trabalho das marcas começa no design - fase na qual é feita a escolha do material das roupas e são definidos os formatos e tipo de costura das peças, que implicam no maior ou menor desperdício de sobra de tecidos.
Segundo o “Índice de Transparência da Moda Brasil”, relatório realizado anualmente pela Fashion Revolution, além da falta de transparência sobre a quantidade de peças produzidas, 90% das empresas não divulgam resultados de testes de efluentes de seus fornecedores. Também faltam dados sobre o volume de resíduos gerados. Das empresas analisadas, 82% não divulgam a quantidade de resíduos de pré-produção (sobras, aparas, fios, finais de rolos de tecidos) acumulados no período de um ano, e 88% não publicam o montante de resíduos de pós-produção (estoque excedente, amostras, peças com defeito) gerados nesse intervalo de tempo. Sem a divulgação pública de dados, não é possível mensurar precisamente o tamanho do problema.
“As empresas têm a responsabilidade de olhar para suas cadeias, identificar os possíveis riscos e impactos aos direitos humanos e ao meio ambiente, e resolvê-los”, diz Fashion Revolution.
Ainda de acordo com o relatório, apenas 28% das empresas do setor divulgam dados sobre suas instalações de processamento e beneficiamento, como as instalações de tecelagem, estamparia, acabamento, tinturarias e lavanderias. Esse número cai para 8% quando busca-se informações sobre os fornecedores de matérias-primas.
“Produção rápida e excessiva, produtos de baixa qualidade e consumismo, em combinação com mecanismos limitados de reciclagem, reutilização e reparo – um contexto em que menos de 1% do material usado para produzir roupas é reciclado em roupas novas –, intensificam as problemáticas sociais e ambientais da moda”, explica o estudo.
Buscando ser mais sustentável em suas ações, a Riachuelo declara que todo seu processo e desenvolvimento de peças é pensado para ter redução de consumo de água e diminuição no uso de químicos, além de ter uso de energia renovável e fibras mais sustentáveis na produção.
Além disso, a companhia também mantém o Programa Moda que Transforma em loja que visa a colaborar para a economia circular, com o objetivo de prolongar a vida útil dos produtos.