Tatiana Goldstein, do CasarCasat

Em tempos de Marco Civil da Internet, com a aprovação na semana passada de novas regras para o uso da web no Brasil, chega a ser contraditório dizer que a internet é terra de ninguém e de todos ao mesmo tempo. Mas nada mais adequado que utilizar o conceito para avaliar as inúmeras oportunidades que foram abertas pela web para empreendedores brasileiros colocarem em prática os mais inusitados projetos, desde um portal para acompanhar o passo a passo de uma festa de casamento até um site que reúne vendedores de produtos artesanais que fazem negócios pela internet.

Foi a partir de uma necessidade pessoal que a arquiteta por formação Tatiana Goldstein decidiu criar o portal CasarCasar, com uma proposta diferente da dos sites de casamentos tradicionais, com ferramentas gratuitas (e algumas pagas) para planejar a festa, como o checklist, a lista de convidados, entre outras.  “Casei há cinco anos e comecei a procurar alguma coisa na internet que pudesse me ajudar e não achei nada. Foi quando surgiu a ideia de criar um site para os noivos compartilharem todo o processo do casamento. Ter um site onde você pode contar todos os momentos prolonga o evento e deixa de ser uma festa de um dia só”, conta Tatiana.

O CasarCasar foi lançado inicialmente na Argentina, em 2012, onde tem 450 mil visitas por mês e 8 mil noivos cadastrados, e chegou ao mercado brasileiro no final do ano passado. O potencial é grande, uma vez que são realizados em média um milhão de casamentos por ano no Brasil. “Usamos a Argentina como um piloto. Aqui no Brasil já temos 1.300 noivos cadastrados. A Argentina tem um mercado dez vezes menor que o Brasil. Lá, são realizados entre 100 e 120 mil casamentos por ano, enquanto aqui são um milhão”, destaca a CEO da CasarCasar.

Segundo a executiva, o investimento na startup é de R$ 3 milhões. O objetivo no mercado brasileiro é atingir 70 mil usuários registrados e dois milhões de visitas por mês no seu primeiro ano, e chegar a R$ 1 milhão de faturamento. Além da assinatura cobrada dos noivos que optem pelo pacote premium, o CasarCasar também sobrevive de publicidade. O guia de noivas do site, por exemplo, traz uma lista com sugestões de fornecedores de casamento, que pagam pela publicidade e ganham exposição com banners.

Artesanato

Outra startup brasileira que colhe os frutos na internet é o Elo7, site de venda de produtos personalizados e artesanais, que completa seis anos e se posiciona como líder de mercado. Atualmente, são quatro milhões de visitantes por mês e 2,5 milhões de produtos disponíveis, que vão de artigos para festas até móveis, passando por bijuterias, acessórios e produtos infantis em geral.

No dia 19 de março, data em que se comemora o dia do artesão, a plataforma lançou seu novo logo e slogan, “Elo7 – Produtos Fora de Série”, além de novo site. “O nosso slogan anterior era ‘O melhor lugar para comprar e vender artesanato’. Os produtos na verdade são personalizados, autorais, a maioria do que vendemos não se encontra em shopping ou loja de rua. Por isso são produtos fora de série. Não é só artesanato”, ressalta o CEO do Elo7, Carlos Curioni.

O executivo afirma que o faturamento do site dobrou no último ano. A meta para 2014 também é dobrar. “A gente acha que tem três anos de expansão nesse ritmo”, diz Curioni. O negócio é baseado em comissão sobre as vendas. O segmento é amplo. De acordo com estimativas de mercado, apenas 3% do artesanato no Brasil são vendidos pela internet. “As pessoas ainda usam seus canais tradicionais, como a comunidade local, vizinhos, família, ou participam de bazar”.