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“A única coisa que não muda é que tudo muda”. A frase é do filósofo grego Heraclito de Éfeso, que, já na era pré-Socrática, vaticinava a força da mudança nas nossas vidas. E isso nunca foi tão verdadeiro e sensível como nos dias de hoje.

Empresas que tentaram confrontar esse fenômeno, veem sua presença diminuir e sofrem até extinção. Em apresentação recente vi um dado da Fortune de que, entre as 500 maiores empresas listadas em 1955, apenas 15% sobrevivem até hoje.

Outra fonte prevê que, em 2020, mais de 75% das 500 maiores empresas pela S&P serão companhias que não conhecemos hoje. Empresas tradicionais, como GE e 3M, encaram tal realidade como vital para seus negócios, determinando metas de desenvolvimento de novos produtos como condição sinequa non.

Recentemente, liderei, em nome da Fenapro, um projeto de Design Thinking para agências de propaganda. Foram cinco sessões, realizadas em regiões diferentes do Brasil.

A necessidade de repensar seu negócio é tão flagrante que atraiu perto de 160 publicitários – donos ou diretores de agências de propaganda – para, juntos, reverem seu modelo de atuação, perante as pressões dos novos tempos.

O resultado foi uma série de novos conceitos e insights que induzem a mudanças importantes no modo de se prestar serviços de publicidade.

Evidenciados os problemas e destacados os pontos-alvo de mudanças, cabe às agências agora decidir como, onde e quando praticar inovações na sua estrutura e forma de agir.

Algumas ficaram tão impactadas pelo estudo que, imediatamente, aplicaram mudanças. Uma delas, que visitei na semana passada, decidiu implementar uma nova business unit dedicada ao Design Thinking.

Trata-se da Rae,MP, que abriga em seu escritório a The Acquis, especializada, entre outras coisas, em Design Thinking. O primeiro job da nova empresa foi para a própria agência, que decidiu realizar um processo de Design Thinking para rever a função do Atendimento na sua estrutura.

A atitude rápida e ousada da agência já provoca resultados positivos e o futuro da nova unidade é promissor.

Vi também outros exemplos menos impactantes, mas igualmente importantes, de mudança nos processos de agências.

Mas algumas outras agências participantes do mesmo processo preferiram aguardar os próximos sinais do mercado para analisar mudanças.

O problema é que o ciclo de mudanças imposto pelo mercado é avassalador. A cada evento do setor, ou no simples acesso a informação internacional, somos impactados por novos termos, conceitos e ferramentas que prometem mudar a forma com a qual realizamos nosso trabalho hoje.

É incômodo, mas inexorável: devemos estar preparados para mudar, mudar e mudar outra vez. Em revisões de ciclo cada vez mais curto. E é claro que tal necessidade de mudança não é uma necessidade apenas do setor da propaganda.

Com o sucesso do Design Thinking Propaganda, me especializei no processo e fui convidado a liderar atividade semelhante para os setores de Eventos e Incentivo.

Líderes desses setores foram reunidos em duas sessões e os resultados serão apresentados nos próximos dias 1 e 2 de junho, no Congresso Mice Brasil (www.congressomicebrasil.com.br).

Não é fácil questionar o status quo e o conforto do conhecido, mas é uma necessidade premente, à qual ninguém deve ficar alheio. Estamos prestes a uma mudança de extrema importância no nosso país, com o estabelecimento de novos governantes.

Devemos encará-la como uma oportunidade imperativa de também revermos nossa forma de atuação e nos prepararmos para as constantes mudanças que farão parte das nossas vidas. Porque, como não diria Heráclito, quem fica parado é poste (e mesmo esse está deixando de existir por aí).

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências de Propaganda)