Max de Castro, Aghata Mendes, Hebert Mota e Lucas Duque: foco total na publicidadeUm dos trabalhos que marcaram o ótimo desempenho das agências brasileiras – especialmente da Ogilvy & Mather – no Cannes Lions 2013 foi “Fãs imortais”, criado para o Sport Club do Recife, incentivando seus torcedores a virarem doadores de órgãos. Produzido pela Homem de Lata, tem a trilha assinada pela Sonido NaCena e deixou a Riviera Francesa com nada menos que cinco Leões – sendo três de ouro e um cobiçado GP, na área de Promo & Activation.

“Entregar a música para uma peça publicitária é o objetivo das produtoras de som. Mas somente entregar música, muitas fazem. Nosso objetivo é agir com feeling, é buscar a alma musical de um trabalho. Não queremos fazer entrega, queremos fazer branding. E é isso que estamos conseguindo”, afirma Hebert Mota, sócio da Sonido. “Música não é commodity. É arte. E tem que ser feita sob medida para cada produto. Eu quero, além de ter uma produtora de áudio orgânica, ser contratado por uma agência de publicidade porque fazemos sentido para eles, não porque fazemos um som legal”, completa.

Para Mota, apesar da Sonido NaCena ter pouco mais de um ano de atuação no mercado, seu trabalho só conseguiu atingir essa eficiência devido à expertise da Sonido, produtora que se uniu aos estúdios NaCena – que continuam existindo como estúdio musical, tendo Mota e Marco Barreto como sócios – em meados do ano passado. “Os 10 anos de existência da Sonido, sob o comando de Lucas Duque, somados ao networking que temos no mercado paulista, hoje maior do que o do Rio, resultaram em uma parceria bacana”.

A Sonido completou 10 anos em 2012. Hoje, com o nome Sonido NaCena, tem também como sócios, além de Mota e Duque, a diretora de atendimento Aghata Mendes e o músico Max de Castro. E representa cerca de 70% dos negócios que entram no complexo onde está instalada em São Paulo, no bairro do Campo Belo – contra 30% do NaCena Studios. “Não entendo de luta, não produzo e nem sou técnico de som. Mas tento entender o negócio e posicioná-lo dentro da estratégia de comunicação do cliente. Mais do que ter bons equipamentos, temos que ter bom posicionamento. Por isso que somos ‘NaCena’. Estamos sempre contemporâneos”, completa Mota.

Spider continua no topo

Além de comandar os dois negócios dentro do complexo NaCena, Hebert Mota também é sócio e responsável pela gestão da imagem do lutador Anderson Silva, o Spider – que também tem como parceiro a agência 9ine, união do WPP com o ex-jogador Ronaldo. Porém, para chegar ao comando desses negócios, Mota diz que foi preciso ultrapassar uma série de obstáculos – e sozinho. “Sou de família da periferia, mas de formação musical. Meu pai era músico. E nos anos 90, quando cursava o 1º ano do segundo grau, resolvi abandonar a escola pública, que para mim não acrescentava nada, para também correr atrás da música”, diz.

As coisas, segundo o empresário, foram acontecendo consecutivamente e se juntando. De operador de mesa de som em um estúdio onde se reuniam grandes artistas até ser convidado a trabalhar como roadie de Leandro & Leonardo, Exaltasamba e até bandas de jazz, viajar pelo mundo, passar a participar de mesas de negociações e, de forma independente, começar a produzir shows. “Foi aí que eu conheci o Anderson. Produzindo um show de um artista em comum. E ele, como achava que eu devia ter muitos contatos, pediu para que cuidasse da imagem dele. Na hora fiquei em dúvida, mas o Guto Cappio (presidente da agência Sunset), que conhecia bem o cara, falou para eu aceitar e me ajudou a montar uma apresentação”, diz.

“Tempos depois, conheci o Sergio Amado, que estava envolvido na 9ine, e ofereci a imagem do Anderson Silva. Isso foi no final de 2010. Fechamos contrato em janeiro de 2011 e uma semana depois ele nocauteou o Vitor Belfort. E foi o início para ele se tornar esse cara que é procurado por diversas marcas”, afirma. “Lógico, também graças a um trabalho de construção de imagem feito durante dois anos antes dele chegar na 9ine”, comenta Mota.

O objetivo agora é começar a vender a imagem de Anderson Silva para patrocinadores de fora do país. E, segundo Mota, o polêmico nocaute diante de Chris Weidman, onde o lutador foi criticado por “brincar” no octógono, de nada afetou sua imagem. “Pelo contrário. Recebi mensagens de apoio de diversos patrocinadores. O Carlos Wizard (fundador da escola de idiomas Wizard, que, assim como Nike, Philips e outras grandes marcas, patrocina Silva), assim que terminou a luta, me enviou uma mensagem falando que ‘estava junto de nós’. Em um esporte desses, a derrota pode acontecer”.