O dia 23 de dezembro de 2014 ficou marcado na história da Talent. Foi quando seu fundador, e um dos maiores nomes da história do mercado publicitário, Julio Ribeiro, se desligou oficialmente da agência – que já não era mais dele. O Publicis Groupe comprou 49% da operação em outubro de 2010, assumiu o controle acionário em abril de 2011, com 60% de participação, e, por fim, deteve 100% dos direitos em dezembro de 2013.
Porém, a cultura de uma das mais lucrativas e criativas agências do país está sendo preservada. Apesar de não ser mais sócio, José Eustachio – que por mais de 30 anos dividiu a sociedade da Talent com Ribeiro e com Antônio Lino (que saiu em 2013) – foi mantido pelo grupo francês à frente da operação como CEO. E implantou na Talent uma forma de atuar que eles chamam de “inteligência coletiva”, onde o talento que faz as coisas acontecerem não é mais singular, mas sim plural. Na estrutura, criação, atendimento, mídia e planejamento formam uma única equipe, pensando junto o tempo todo, trabalhando de forma orgânica. Todos também ligados ao financeiro – que, se não aparece no trabalho final, é fundamental para que ele aconteça.
A inteligência coletiva envolve todos os profissionais da agência. Mas é liderada por um board formado pelos diretores de cada área (todos com o cargo de diretor-geral) – muitos deles também “veteranos” na Talent, casos de João Livi (criação), Paulo Stephan (mídia) e Antonio Dudli (administrativo/financeiro). Completam o board, Erick Sobral (atendimento) e Renata Serafim (planejamento), além do próprio Eustachio, logicamente.
Esse modo de atuação já trouxe frutos à agência, com a conquista recente de clientes: Mapfre, Drogarias São Paulo e Pacheco, Dicico, Monsanto, Esmaltec, Sodimac e, mais recentemente, Suvinil; e nos trabalhos para os anunciantes já presentes na casa – aliás, boa parte líderes de suas categorias –, como Net, Santander, Tigre, Postos Ipiranga, entre outros.
“O que estamos imprimindo na Talent é contemporaneidade. As realidades mudaram, a sociedade mudou, novas tecnologias surgiram, os jovens ganharam uma importância que não tinham anos atrás. A forma antiga de se entregar um trabalho ao cliente também mudou”, diz Eustachio. “A Talent, hoje, é um grupo de profissionais pensando em fazer uma agência acontecer. Um grupo de pessoas diversificado, com pensamentos diferentes e cujos talentos individuais não podem ser desperdiçados. Temos que saber usar”, completa.
E fazer acontecer significa dar resultados concretos ao cliente. “Às vezes vemos agências criando campanhas muito boas, mas acabam perdendo o cliente por não produzir resultados. Neste ponto a inteligência coletiva assegura mais qualidade ao processo e até no resultado criativo”, diz João Livi, acrescentando que o perfil de criativo genial de anos atrás e sem paciência para as questões práticas está na contramão das procuras contemporâneas. “Um profissional de criação isolado dos negócios pode até produzir boas ideias. Mas contará com o acaso para que essas ideias se encaixem no problema a ser resolvido ou na oportunidade a ser aproveitada. Se o cliente não está sorrindo, você está com um problema”, afirma.
Erick Sobral, que lidera o atendimento, aponta outro aspecto dessa proximidade da criação com as demais áreas. “Um criativo que passa a ter contato direto com o cliente, pode ficar mais motivado em seu trabalho. Antes, isso era restrito à nossa área. E vale para todos. A inteligência coletiva traz eficiência e assertividade, e traz oportunidades”, ressalta.
“Ninguém mais sabe tudo, não existe mais um especialista 100% dono da verdade”, acrescenta Paulo Stephan que, à frente da mídia, assiste em tempo absurdamente rápido as mudanças que ocorrem no dia a dia dos veículos. “O sucesso deixa você cego e acomodado. A grande virtude é ficar incomodado. Pois obriga você a se atualizar sempre”, ressalta.
Para Renata Serafim, a inteligência coletiva faz com que todos contribuam com o que têm de melhor. “Não é só compartilhar os louros. Dividimos as incertezas também”. E acrescenta: “Vantagem para a Talent e para os próprios profissionais. É por isso que a agência costuma atrair talentos e, principalmente, sabemos mantê-los na casa”.
“Dono do dinheiro”, Dudli apontou para o lado de manter os profissionais, mesmo em época de crise. “Não adianta sair demitindo para cortar custos. Temos que ter saídas inteligentes. E este método de trabalho é uma delas”, afirma.
Essa soma de talentos, segundo Eustachio, será fundamental para enfrentar um ano áspero e exigente como o de 2015. “Estamos trazendo as pessoas para vivenciar a agência. E, para os clientes, mostrando como somos relevantes a indispensáveis para seus negócios, fazendo com que eles percebam seus investimentos de comunicação como custos zero, e não como gastos”, conclui.