Antes de mais nada, peço que não veja o título deste artigo com literalidade. Não estou pregando a volta do grande show propriamente dito, literalmente. Ainda não é hora de pensar num Rock in Rio ou num Lollapalooza acontecendo, com sua natural aglomeração.

Logicamente, uso a expressão no seu sentido figurado. Mas há muitas atividades que precisam (e podem) de uma retomada imediata. Passados quase seis meses de quarentena, podemos chegar à conclusão de que, ao contrário do que muitos desejam, não há uma bala de prata ou remédio milagroso que nos livre definitivamente da Covid-19 no curto prazo.

Teremos então de conviver com ele. Devemos aprender a conviver com o vírus e os consequentes protocolos de proteção. Desde o início da quarentena, frequentamos supermercados, farmácias e lugares de primeira necessidade.

Agora, estamos frequentando shopping centers, restaurantes e outros tipos de estabelecimentos. Vemos com muito bons olhos a reabertura gradual de espaços culturais, de entretenimento e de eventos.

Essa convivência com o vírus, gradual e cuidadosa, pautada pelo respeito a protocolos, é necessária para a retomada de um setor muito importante para a economia e para a recuperação de empregos.

Estamos entrando numa fase de flexibilização com responsabilidade. E isso é muito importante para o mercado. Esperamos que os governantes e os gestores de marcas encarem a volta dos eventos com naturalidade, à medida em que os números da pandemia apontem um caminho de uma situação sob controle.

No Rio, em São Paulo e em outras cidades, está havendo uma flexibilização consistente. É verdade que, na maior cidade do país, ainda não há uma total sintonia com o estado de São Paulo. A volta às aulas, por exemplo, é um ponto de discórdia entre governo e município.

Mesmo no setor de eventos, enquanto o governo do estado determinou a possibilidade de retorno daqueles com público sentado (usando no máximo 40% da ocupação dos espaços) nas cidades que se encontram na fase 3 (amarela), no caso da cidade de São Paulo, a situação ainda é dúbia, faltando a prefeitura rever proibições estabelecidas no início da pandemia.

Instituições ligadas ao setor de eventos, inclusive a Ampro, que represento, estão em constante interlocução com governos para estimular uma flexibilização gradual, segura e responsável. Há situações questionáveis.

Enquanto os eventos corporativos já estão autorizados nas maiores cidades do país, logicamente, sob limitação de capacidade do lugar (40% em SP; 1/3 no Rio) e com um rigoroso protocolo, há outros tipos de eventos que já deviam estar liberados. As feiras e exposições, por exemplo.

Se os shoppings estão abertos, as feiras comerciais também poderiam estar liberadas. Há muito mais controle de acesso e de circulação numa feira do que num centro comercial. Os eventos esportivos voltaram sem público, mas já trazem um alento para nossas vidas limitadas nessa quarentena.

A produção de conteúdo em vídeo pouco a pouco começa a ser retomada. A maior produtora de dramaturgia do Brasil, a TV Globo, já retomou as gravações de novelas e seriados, estabelecendo rigorosos protocolos e usando traquitanas de proteção e muita pós-produção.

Fora do Brasil, os grandes estúdios de Hollywood ainda não retornaram, mas, fora de lá, algumas megaproduções já foram retomadas. A continuidade do Avatar, por exemplo, já retomou gravações na Nova Zelândia. The show must go on!

Se shoppings e supermercados estão funcionando, por que não os museus? Basta estabelecer bons protocolos. Após seis meses, a maioria está bastante consciente quanto à necessidade de proteção, de uso de EPS, de distanciamento.

Precisamos aprender a conviver com a Covid-19 e retomar o máximo das atividades, de forma gradual e responsável. O show precisa sair das telas e voltar ao nosso mundo real!

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) alexis@ampro.com.br