Antes extremamente dependente da exportação de “pé-de-obra”, o futebol brasileiro passou por uma modificação significativa nos últimos cinco anos. As receitas provenientes de patrocínios e cotas de televisão tiveram um enorme incremento, passando também a se tornar mais importantes porcentualmente no balanço dos principais clubes do país – juntos hoje correspondem a 54% do orçamento – e dando a condição para que eles pudessem se manter financeiramente sem se desfazerem de seus maiores craques ou promessas.
Segundo um estudo realizado pela BDO, considerando os 20 maiores clubes do Brasil, TV e patrocinadores se tornaram as duas maiores fontes de renda dos clubes, com a venda de atletas, historicamente na primeira posição, caindo para terceiro. A bilheteria aparece apenas em quinto lugar. Os novos contratos de direitos de transmissão passaram a representar uma média de 36% do faturamento dos times em 2011, ante 22% em 2007.
Em relação ao montante pago para a exibição de jogos, uma modificação na legislação deu às agremiações condições de negociarem a própria cota individualmente, fazendo com que alguns tivessem um estrondoso aumento, como o Corinthians, que viu um aumento de R$ 55 milhões em 2007 para R$ 112,5 milhões em 2011; e outros apresentassem uma tímida elevação, como o Palmeiras, que foi de R$ 45,4 milhões em 2007 para R$ 46,8 milhões em 2011.
No quesito patrocínio e publicidade, a evolução também foi evidente: o dinheiro pago aos clubes passou a representar 18% do orçamento destes em 2011, ante 12% em 2007. Ainda tendo como exemplos Palmeiras e Corinthians, a equipe do Palestra Itália foi a que mais evoluiu neste aspecto, indo de R$ 18,7 milhões em 2007 para R$ 44,6 milhões em 2011, tendo a maior receita do Brasil neste quesito no ano passado. O clube alvinegro não fica muito atrás, com R$ 44,4 milhões, mas mostrou um retrocesso no período, uma vez que em 2007 faturava R$ 47,3 milhões.
Menos vendas, mais alternativas
Devido ao cenário econômico (crise na Europa e ascensão da moeda brasileira no mercado de câmbio) e à força de vontade dos clubes em segurar seus jogadores, a porcentagem da receita proveniente da venda de atletas caiu de 37% em 2007 para apenas 15% em 2011. Devido ao fechamento de alguns estádios para a reforma, visando a Copa do Mundo de 2014, a bilheteria se manteve em 8% da renda dos clubes. Como alternativas, licenciamento de produtos, aluguéis de arena e programas de sócio-torcedor ainda não tem grande impacto no balanço das equipes, mas se consolidam como uma adição no orçamento ou mesmo “áreas de escape” durante períodos sem patrocinadores.