A empresa de bens de consumo Unilever – dona de 400 marcas como Dove, Knorr, Omo, Rexona, Hellmann’s, Kibon, Lux, Magnum e Axe – está presente nos lares de todo o mundo há mais de cem anos, quando o planeta nem sequer imaginava os danos que as embalagens – seja de plástico, papel ou de vidro -, além da excessiva emissão de gás carbônico e o descarte incorreto de resíduos industriais poderiam causar no meio ambiente.
O estopim foi aceso com a Revolução Industrial no século XVIII, mas o sinal de alerta explodiu nas décadas de 1990 e 2000, consideradas as mais quentes do último milênio. Estimativas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) apontam que nos próximos cem anos poderá haver um aumento da temperatura média global entre 1,8°C e 4°C, e uma elevação do nível médio do mar entre 0,18 metros e 0,59 metros, o que pode ser fatal para as determinadas atividades humanas e ecossistemas.
Certa da sua obrigação em contribuir para a preservação do meio ambiente, a Unilever apresentou nesta terça-feira (9) o plano de sustentabilidade da empresa para os próximos anos. “O nosso propósito é ser um líder global em negócios sustentáveis nas categorias de higiene, cuidados com a pele, beleza, nutrição e alimentos plant based”, disse Fabian Garcia, presidente da Unilever na América do Norte.
Melhorar a saúde do planeta e das pessoas, contribuir para um mundo mais inclusivo e progredir com tecnologia e ciência é a prioridade da companhia nos Estados Unidos, Índia, China e no Brasil, tendo a atuação omnichannel – com transformação digital, e-commerce, plataformas de negócios e shopper insights – no centro das estratégias.
Meio ambiente
Karen Vizental, vice-presidente de sustentabilidade da Unilever na América Latina, revela que a meta é zerar a emissão de poluentes de todos os seus produtos, da origem ao ponto de venda, até 2039; e reduzir pela metade os gases do efeito estufa ao longo do processo de produção até 2030, mesmo ano em que a empresa planeja ter zerado as emissões de suas operações. Usar carbono renovável para restabelecer fontes de combustível fóssil também integra o plano. “Essas ações tem o suporte de um fundo de um bilhão de euros”, diz Karen.
Segundo a Unilever, esse aporte ainda bancará ações empenhadas em eliminar o desmatamento na cadeia de azeite, papel, chá e cacau até 2023; e ajudará a proteger e regenerar 1,5 milhão de hectares até 2030, além de garantir campos de plantio totalmente sustentáveis.
Comunidades de agricultores e pequenos produtores também receberão auxílio para restabelecer as suas fazendas e saber como preservar as suas propriedades. A implementação de programas de gestão de água em cem localidades e o compromisso de trabalhar com ingredientes biodegradáveis também integra o planejamento traçado ao londo da próxima década.
A partir dessas ações, a expectativa é reduzir em 50% os plásticos; ter 25% desse tipo de material reciclado; coletar e processar mais plásticos do que a empresa vende; e reduzir pela metade o desperdício de alimentos nas suas operações – tudo até 2025.
Comida e aparência
A contribuição da Unilever para uma alimentação mais saudável parte da perspectiva de somar vendas da ordem de um bilhão de euros em plant-based entre 2025 e 2027; e dobrar o número de produtos voltados para uma nutrição positiva até 2025, mesmo ano em que a empresa pretende ter não mais do que 22 gramas de açúcar em 95% dos seus potes de sorvetes e, no máximo, 250 calorias por porção.
Nas questões sociais, a companhia ergue outro pilar estratégico. O objetivo é alcançar um bilhão de pessoas até 2030 com ações capazes de promover igualdade e inclusão e investir dois bilhões de euros anualmente até 2025 em negócios pautados na diversidade em todo o mundo. Do empreendedorismo, virá o apoio para que mais de cinco milhões de pequenos e médios negócios possam crescer. Outra frente de trabalho será a capacitação de dez milhões de jovens em habilidades básicas.
Dentro de casa, os colaboradores da Unilever – hoje são 149 mil funcionários globalmente – poderão contar com modelos pioneiros de trabalho em regimes mais flexíveis até 2030, além de atualizações para habilidades futuras – programas que devem ser ofertados até 2025.
Beleza Positiva
Durante o evento, Esi Eggleston Bracey, vice-presidente da área de beleza e cuidados pessoas da Unilever na América do Norte, falou sobre o movimento Beleza Positiva, que acaba de ser lançado pela Unilever. Uma das principais frentes desse movimento será a retirada do termo “normal” das embalagens e também da publicidade de seus produtos de beleza e cuidados pessoais.
“Buscamos causar um impacto positivo neste lindo planeta, movendo todos a criarem mais saúde e bem-estar”, ressalta Esi Eggleston Bracey, citando o case de Seda no Brasil, e o papel fundamental que a marca assumiu para inspirar os jovens a assumirem o seu tipo de cabelo.
A empresa se compromete a não fazer alteração digital para modificar o tamanho, formato e/ou proporção do corpo e a cor da pele em fotos de anúncios, e vai trabalhar para aumentar cada vez mais a diversidade na propaganda de suas marcas.
“Sabemos, é claro, que remover o ‘normal’ por si só não resolverá o problema, mas acreditamos ser esse um primeiro passo importante dentre muitos outros que virão em direção a um conceito mais inclusivo de beleza, livre de estereótipos. Ao adotar a visão da Beleza Positiva em nossos negócios, queremos fazer o bem tanto as pessoas quanto para o planeta”, comenta Sunny Jain, presidente da Unilever na categoria de beleza e cuidados pessoais.
Pesquisa
A criação do movimento Beleza Positiva está ancorada em uma pesquisa realizada pela Unilever com dez mil pessoas em nove países – Brasil, China, Índia, Indonésia, Nigéria, Arábia Saudita, África do Sul, Reino Unido e EUA – entre os dias 28 de janeiro e 15 de fevereiro de 2021. Os dados revelam que o uso da palavra “normal” para descrever a característica do cabelo ou da pele faz com que 56% das pessoas se sintam excluídas.
Entre os entrevistados com idades entre 18 e 35 anos, esse percentual atinge 80%. Para 74% dos entrevistados, a indústria da beleza precisa contribuir para que as pessoas se sintam bem, muito mais do que fomentar a ideia de uma “boa aparência”.
Fotos editadas, celebridades, modelos e influenciadores que não parecem autênticos e reais, e a pressão para a compra de produtos “antienvelhecimento” foram apontados como os principais fatores de interferência na autoestima.
No Brasil, 58% acreditam que a indústria reforça ideais restritivos em torno do que é considerado o padrão de beleza, e 64% das pessoas se sentem pressionadas a ter uma determinada aparência para se adequar ao que é considerado belo pela sociedade.