Criado pela Visualfarm, produtora fundada há oito anos pelo VJ Alexis Anastasiou, focada no desenvolvimento de novas linguagens projetivas, o Vídeo Guerrilha chega este ano a sua terceira edição. O evento, uma grande intervenção artística na arquitetura de São Paulo, acontece entre os dias 22 e 24 de novembro, das 20h às 3h, em um trecho de alguns quarteirões da Rua Augusta — no pedaço conhecido como “Baixo Augusta”, há alguns anos amplamente dominado pela prostituição e tráfico de drogas, e que tem sido revitalizado.
No total, 14 prédios serão contemplados pelas intervenções, que serão exploradas no espaço urbano por meio de instalações, grafites virtuais e projeções de imagens em tamanho gigantescos. Nos últimos dois anos, o projeto teve a participação direta de quase uma centena de artistas e 30 mil pessoas, sendo destaque na mídia paulistana e gerando mais de R$ 2 milhões de mídia espontânea em cada edição, onde foi atingido, indiretamente, um número superior a três milhões de pessoas (em cada uma, também).
Segundo Dudão Melo, diretor artístico do Vídeo Guerrilha, eventos como o Skol Beats, consagrado na década passada e que teve participação ativa de Anastasiou em sua concepção musical, mudaram o paradigma de branded entertainment no Brasil e também a maneira de usar música aliada à imagem no cenário das marcas. “A Visualfarm sempre teve essa pegada em seus projetos. E em locais muitas vezes não explorados. Como o ‘agigantador de pessoas’ na Favela do Moinho, em São Paulo, durante o movimento Inside Out São Paulo”, diz. O Inside Out, realizado em outubro na capital paulista, revela, em todo o mundo, a identidade e história de personagens anônimos das cidades por meio de vídeos e fotos em preto e branco.
Do mesmo modo, o Vídeo Guerrilha traz trabalhos de artistas conhecidos, mas de muitos anônimos, jogados em projeções aleatórias. A curadoria geral é do angolano radicado na Holanda Miguel Petchovsky, que vem a São Paulo para o projeto. Outros três artistas, de Argentina, Colômbia e Espanha, também estarão presentes. No total, são sete curadores internacionais. Os trabalhos são selecionados entre todos os inscritos. Há ainda espaço para estudantes mostrarem seus projetos. Outra característica do evento brasileiro é a troca de curadorias com outros similares. Intervenções apresentadas aqui são mostradas em Xangai (China) e São Petersburgo (Rússia), e vice-versa.
Dudão diz que a cada edição o Vídeo Guerrilha ganha em maturidade e o próximo passo, em 2013, é expandi-lo para outros locais de São Paulo, Rio de Janeiro (na região dos Arcos da Lapa, também revitalizada) e Brasília. “O intuito é sempre o mesmo: promover o diálogo entre a cultura local e o conteúdo artístico de autores de estilos variados. E quando falamos em artistas, não estamos falando só de profissionais. Qualquer um pode inscrever um projeto, que irá passar pelos curadores. Essa é a vantagem da arte: ela quebra paradigmas. Todos podem ser artistas”.
Para este ano, a Visualfarm ainda não tinha fechado um patrocinador para o projeto até a publicação desta matéria. No ano passado foi a Calvin Klein, que a cada 15 minutos poderia expor sua marca, também em projeção, por 15 segundos, abrindo inclusive uma brecha na rigorosa Lei Cidade Limpa, do prefeito Gilberto Kassab. O custo do evento gira em torno de R$ 3 milhões, com incentivo da Lei Rouanet.