Na contramão da crise, a Zep-pelin, uma das maiores produtoras de filmes do País, espera obter em 2009 crescimento de 35% em faturamento. Segundo Breno Castro, sócio e diretor de atendimento da empresa, a estimativa no final de 2008 era de que a produtora tivesse aumento de apenas 15%. “Nesta época, ainda não era sabido quais seriam os impactos da crise na empresa. Mas em dezembro de 2008, já tínhamos sete filmes de HSBC para produção em janeiro. E no mês seguinte, trabalhamos com a Bohemia e, posteriormente, fizemos um filme para Neosaldina. Não ficamos parados”, explicou Breno, que também é membro do conselho fiscal da Apro (Associação Brasileira das Produtoras de Audiovisual).

Com isso, o executivo afirmou que a crise pouco interferiu nos negócios da empresa. Após a saída de José Pedro Goulart, em 2008, ex-sócio da Zeppelin, a produtora desenvolveu próspera parceria com o diretor Carlos Manga Jr., o Manguinha – um dos mais conceituados diretores brasileiros. E, no início de 2009, o anúncio da contratação dos diretores Lô Politi e Robério Braga, que anteriormente estavam na Maria Bonita, além do recente contratado diretor “Rog”, proporcionaram, de acordo com Breno, um reforço para a equipe. “Hoje contamos com sete diretores, incluindo, ainda, o Rodrigo Pesavento, J.R Júnior e Marcello Lima”, acrescentou.

Além das contratações, Breno contou que a Zeppelin investiu, neste ano, cerca de US$ 200 mil na reestruturação da unidade da produtora em Porto Alegre, na região há 18 anos. Na estrutura de São Paulo, o sócio da empresa disse que também foram realizadas aquisições de equipamentos mais modernos e aprimoramento da arquitetura. “Em São Paulo e Porto Alegre investimos aproximadamente US$ 450 mil. Tivemos um salto bem bacana. Além do mais, tenho a sensação de que a partir de abril o mercado de produção começou a recuperar o fôlego após o período de crise”.

Arte

Entre as novidades de trabalhos desenvolvidos pela Zeppelin está  um filme para o Instituto Inhotim, considerado o maior complexo aberto de arte contemporânea do mundo, que fica a 60 quilômetros de Belo Horizonte.

Com investimento de R$ 1,3 milhão e com criação da agência mineira Filadélfia, o filme – com direção de Manguinha – estreou no último domingo (5) em Minas e segue esta semana com estreias em seis regiões do País, incluindo SP. “Estamos apostando muito nessa produção por ela ser uma verdadeira quebra de paradigmas daquilo que vem sendo produzido”, enfatizou Breno, que não descarta a possibilidade do filme vir a receber, daqui para frente, premiações importantes.

O intuito da campanha é divulgar o instituto – que já é reconhecido internacionalmente – para os brasileiros. Neste sentido, o comercial é baseado na Síndrome de Sthendal, fenômeno nomeado pelo escritor francês Sthendal, que descreveu uma série de sintomas e sensações como falta de ar, palpitação e desmaios que podem ser causados diante da beleza.

Procuramos traduzir organicamente as reações arrebatadoras sentidas pelas pessoas que visitam o local. E a assinatura do comercial é apenas Inhotim. Impressionante”, destacou Dan Zecchinelli, diretor de criação da Filadélfia.

O filme tem início com as imagens de pessoas desmaiadas. Em seguida, a produção mostra cenas reversas: a multidão se levanta até que, por fim, se descobre que uma pessoa caiu por ter contemplado uma das obras de Inhotim, gerando, assim, um efeito dominó. “Me envolvi emocionalmente com esse filme. Ele apresenta uma causa nobre e é importante que o brasileiro tenha contato com a cultura. Este é um dos trabalhos mais importantes que já fiz”, ressaltou Manguinha.

A gravação do filme foi realizada em três dias no centro de Belo Horizonte, e contou com cerca de 800 pessoas, incluindo corpo de balé e mais de 100 profissionais de produção.
O acervo de arte contemporânea do Instituto Inhotim possui 450 obras e vem sendo alimentado desde meados da década de 80.

A média mensal de visitação do complexo é de 12 mil pessoas. Mas o Instituto espera dobrar esse número com a inauguração, em outubro, de novas obras que serão expostas no local.
Em sua estrutura, os espaços expositivos do complexo são divididos entre dez galerias, além de uma série de esculturas que se localizam em toda a extensão de um Parque Tropical, que possui áreas com conceitos do paisagista Roberto Burle Marx.

por Juliana Welling