Desde a última terça-feira (8), a estação da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) de Osasco (SP) entrou para o circuito turístico da cidade de 700 mil habitantes. Em uma das entradas do local, diariamente transeuntes se aglomeram para experimentar o mais novo brinquedo ali instalado: uma escada que teve 34 de seus 42 degraus transformados em teclas de um piano. O projeto do Sesc Osasco, à disposição do público até o dia 24 de fevereiro, pretende estimular a atividade física e promover a diversão no dia a dia dos trabalhadores.
A ideia nem é tão inovadora, mas definitivamente encantou quem circula pela estação. Em 2009, escada semelhante foi instalada em uma estação de Estocolmo, na Suécia. Criado pela DDB Estocolmo para a Volkswagen, o projeto “The Fun Theory” levou o GP de Cyber e um Leão de prata em PR no Cannes Lions 2010. Quem assina a versão brasileira dos degraus musicais é o laboratório audiovisual ZoomB, que utilizou um método de desenvolvimento diferente do modelo europeu.
“Entre o primeiro contato do Sesc conosco e a construção do protótipo, finalizado no último dia 26, passou-se cerca de um mês. Testamos ele junto ao software que criamos e, no dia 3 de janeiro, já estávamos montando a escadaria”, conta Rodrigo Barbosa, sócio-fundador do ZoomB. Ele salienta a relevância da participação coletiva. “Achamos que qualquer iniciativa que inclua aplicação de conhecimento adquirido em prol de algo que envolva o público em novas experiências sensoriais é interessante. Muito do nosso trabalho é criar sensores que ainda não sabemos para que servirão”, afirma o artista visual, que, junto ao ZoomB, também tem entre seus projetos um gigantesco piso interativo desenvolvido em 2012 para a Urbe – Mostra de Arte Pública, na Rua da Quitanda, na capital paulista.
Em Osasco, a reação das pessoas, independente da faixa etária, serve de estímulo. “Eu adorei! De início, você não dá muito crédito, já que o piano não ocupa toda a escadaria, mas é muito bacana. É uma oportunidade de ver algo diferente, de tornar o seu caminho para o trabalho menos chato e mais interessante”, diz Simone Pires, 30 anos, publicitária e moradora da cidade. Joeci dos Carlos Santos, empresário de 39 anos, levou a filha de três para conferir a novidade. “Viemos só para isso. Ela fica repetindo o quanto achou legal e eu preciso concordar que é muito divertido!”, afirma.
Na visita que o propmark fez à escadaria vermelha, ainda deparou-se com uma animada senhora sambando desritmadamente em frente às fileiras de teclas, com um palhaço à espera da próxima criança para acompanhar no sobe e desce e com um ou outro transeunte que tentava dedilhar melodias conhecidas na confusão de notas musicais que se espalhavam pela estação. Quem optou pela escada rolante ao lado não ficou imune, fazendo o trajeto com expressão de curiosidade ou desconfiança. E os celulares e câmeras a postos registraram tudo para o álbum de família ou para as redes sociais. “Percebemos que quando se faz uma obra de escala urbana, ela deixa de ser sua e passa a ser dos que interagem com ela. E observar esse resultado é a parte mais gratificante”, finaliza o artista Rodrigo.