As agências de publicidade, que aderiram fortemente ao home office no início da pandemia, já apontam agora o rumo que o modelo de trabalho deverá seguir, no momento que a população já está em boa parte vacinada, a pandemia arrefeceu e as atividades estão perto de retomar seu nível normal.

Uma pesquisa realizada pelo Sistema Sinapro/Fenapro junto a 288 agências de 16 estados e do Distrito Federal indica qual será este modelo: cerca de 40,3% das agências entrevistadas já estão operando hoje no modelo híbrido de trabalho, e deverão seguir assim, com este modelo prevalecendo a partir de 2022.

Segundo as agências entrevistadas, a expectativa é que, em 2022, o modelo híbrido seja adotado por 59,4% das agências, enquanto 32,8% preveem voltar ao modelo estritamente presencial, após o término da pandemia, e apenas 7,9% seguirão estritamente com o home office.

Esses dados apresentam algumas variações de acordo com o estado, mas estas diferenças não alteram a tendência.

Muitas agências perceberam que o trabalho híbrido pode ser interessante tanto para os funcionários, que podem aumentar sua qualidade de vida e o rendimento profissional, como para as empresas, que cortaram custos relacionados ao trabalho presencial e encontraram uma forma de sobreviver com o trabalho realizado no modelo home office.

Há que se considerar ainda que o trabalho de comunicação é, em boa parte, intelectual, diferentemente das fábricas, dos serviços pessoais ou mesmo das repartições públicas, que requerem uma operação presencial, e, portanto, pode ser desenvolvido de qualquer lugar, desde que haja um perfeito alinhamento entre todos os agentes.

Quando falamos de criatividade, que caracteriza parte da nossa atividade, e dos requisitos para a felicidade no trabalho, a interação é primordial.

E é esse um dos pontos que as equipes se ressentem do trabalho 100% remoto: o convívio com as pessoas, as conversas e as trocas.

O trabalho híbrido permite conciliar essas demandas. A integração das pessoas prevalece, nos dias entre o escritório e suas residências.

Por outro lado, gerenciar as pessoas no modelo híbrido requer também novas ferramentas e métodos, e esse é um dos aspectos em que as agências precisam avançar.

Sem dúvida, elas terão de aperfeiçoar este modelo, avaliar qual a dosagem do trabalho presencial, como serão os dias de trabalho no escritório e aprimorar a gestão remota.

Mas, certamente, este parece ser um caminho sem volta, pelo menos para a grande maioria das agências ouvidas pelo Sistema Sinapro/Fenapro.

Daniel Queiroz é presidente da Fenapro (presidente@fenapro.org.br)