Editor e cofundador da revista Wired, Kevin Kelly marcou presença no SXSW 2016 com uma palestra impactante sobre inteligência artificial, neurociência, realidade virtual e outras tendências, prevendo as forças que vão se moldar no futuro. Cognify, Virtuality e Tracking, são três das 12 forças que estão em seu livro The inevitable: Understanding the 12 tecnological forces that will shape our future, a pauta de seu painel que explorou três fatores: neuronet + GPU + Big Data = cognição.

 

Willyam Bradberny/Shutterstock

 Neuronet (redes neurais artificiais – RNAs), como modelos computacionais inspirados pelo sistema nervoso central de um animal (em particular o cérebro), capazes de realizar o aprendizado de uma máquina, bem como o reconhecimento de padrões. Processo de programação.

GPU (Graphics Processing Unit) com um papel de processamento. Programar um smartphone para transformar energia em informação, através de cálculos e instruções que, em frações de segundos, viram imagens na tela.

Big Data, como uma verdadeira biblioteca virtual, com as informações organizadas de maneira dinâmica, para que, quando necessário um cruzamento, estejam devidamente catalogadas, otimizando tomadas de decisões em microssegundos.

Uma vez alcançado um grau de desenvolvimento, de ampliação de canais e acessos à informação, com a multiplicação de produtos, funcionalidades, variedade de mercados, não há como pensar em sobreviver sem, realmente, compreender o perfil do consumidor.

Otimizar processos
Primeiro, porque o mundo caminha numa via de mão única, pela urgência da sustentabilidade. Produzir pensando em otimizar os processos de consumo. Por exemplo, em vez de um produto ser rapidamente substituído, que ele possa suprir as necessidades que propõem, por períodos mais longos. Segundo, porque o consumidor, cada vez mais, vai renegar as empresas que o tratem meramente como número, e não demonstrem algum esforço em criar uma relação de identificação. Tentar maior assertividade, desenvolver mercados e usufruir dos recursos que a ciência, mais do que qualquer achismo, é capaz de prover.

Enquanto se fala que os robôs vão roubar os nossos empregos, na visão de Kevin, ao contrário, vão proporcionar novos trabalhos aos humanos, colocando a produtividade em segundo plano, valendo a equação de todas as informações. Quanto mais se utilizar da interação entre tecnologia e pessoas, mais se tornarão excelentes no que fazem.

Segundo o autor, o futuro será o ‘Artificial Smartness’, em que todos os meios de comunicação – smartphones, tablets, TVs – vão utilizar a inteligência artificial, em que você encontrará uma compilação de muitas mentes e várias formas de pensamentos.

Inteligência artificial

O QI, coeficiente de inteligência, será distribuído através de serviços, assim como a eletricidade é vendida; a inteligência seguirá o mesmo caminho. Teremos várias formas de inteligência artificial, baseadas em algorítimos, e quanto mais usarmos, mais inteligentes nos tornaremos. E quanto mais inteligente, mais usuários vão existir. 

Em Virtuality, lembra que, apesar do aspecto futurista do assunto, experimentos em VR (virtual reality) já eram utilizados por Jaron Lanier para a indústria de simuladores multiusuários em ambiente compartilhado, na década de 1980, tornando-se hoje uma realidade plausível. As experiências de imersão em realidade virtual podem ser vividas de duas formas: em VR (realidade virtual), em que você está dentro da situação, e MR (mixed reality), realidade misturada, em que o virtual é misturado com o real.

Imagem swivel
Em Swivel, trazendo a experiência e possibilitando a interação com um jogo, filme ou informação, em qualquer aparelho, com movimentos 360 graus. Já na experiência roam, com a utilização de óculos especiais, permitindo a locomoção em pequenos espaços, e através de movimentos da cabeça, de um lado para o outro, gerando um novo movimento: passando da internet das coisas (IoT) para a internet das experiências.

Migração
Esse processo acarretará em uma migração, da ‘not first person’, em que em um game, por exemplo, você controla o personagem, para ‘you person’, em que você será o personagem. Com isso, outras tecnologias, como a telepresença e o VR, serão a nova social media, num futuro. Alguém que está no Brasil poderá se encontrar com outra, em Austin, como se estivessem fisicamente próximas, através de uma sala virtual.
Para tracking, o conceito é simples: tudo será passível de rastreamento, em tempo real e personalizado. E tudo o que pode ser medido, será medido. Temos de acreditar no impossível com mais frequência. Estamos vendo o nascimento de um novo início, em que os maiores produtos dos próximos 20 anos ainda não foram inventados, conclui Kevin.

Colaboraram Sheyna Adamo e Solange Uhieda, membros do Era Transmídia