Um grupo de sete agências criou anúncios sociais unindo o universo infantil ao da sustentabilidade. Artplan, DPZ, Giovanni+Draftcb, Leo Burnett Tailor Made, NBS, Peralta e Staff aceitaram o convite feito pelo propmark para desenvolver peças a partir do briefing “Criança e sustentabilidade: ensinar e aprender”. As peças estão veiculadas na edição impressa de nº 2469 do jornal, com data de capa desta segunda-feira (7), nas páginas 27, 29, 32, 33, 34, 35, 36 e 38. “A ideia é lembrar como a imaginação é sustentável. Ela é capaz de transformar uma coisa em mil. Se continuarmos incentivando a imaginação e a criatividade, teremos um mundo mais sustentável”, disse Joanna Monteiro, diretora-executiva de criação da Giovanni+Draftcb, ao analisar o projeto.
Para algumas agências, foi a primeira vez que desenvolveram peças de cunho social. Mas outras aproveitaram o convite para fortalecer parcerias com associações carentes. A Staff resolveu “dar o exemplo” e preferiu deixar em branco o espaço onde seria veiculado o seu anúncio. “Abrimos mão do espaço. Calculamos o quanto usaríamos de papel e tinta e doaremos o equivalente para a ‘Solar Meninos de Luz’”, afirma Paulo Castro, diretor de criação da Staff. A instituição filantrópica fica no morro do Pavãozinho, no Rio de Janeiro, e presta auxílio educacional a crianças carentes.
A Staff tem um histórico de atuação social. A agência trabalha com duas organizações filantrópicas, “Luta pela Paz”, na favela da Maré, e “Pipa Social”, no bairro do Botafogo. Ela é responsável pela comunicação institucional das ONGs. O apoio às organizações é uma forma da agência ter contrapartida por sua atuação comercial, diz Castro. “O rescaldo do Festival de Cannes deste ano mostra que a indústria está preocupada com ações de impacto positivo. Como promotores da indústria de consumo, precisamos de contrapartida”, afirma.
A Peralta remontou à responsabilidade dos pais na formação dos filhos como pessoas mais conscientes. “Está nas mãos dos pais preparar quem, de fato, irá mudar o futuro”, observa Alexandre Peralta, CEO e fundador da agência. O publicitário disse que fugiu de comandos como “feche a torneira” e “economize água” na peça porque são termos que esvaziaram. “A relação com os filhos e a forma de fazê-los crescer com nova consciência acontecem com o envolvimento dos pais, não com comandos. Eles trazem mensagens já esgotadas”, pontua.
A NBS focou em exemplos. “A equação entre educação, sustentabilidade e criança só fecha se incluirmos na conta ‘exemplos’. E eles são feitos no dia a dia, desde recolher papéis de bala no chão até a forma como você trata o porteiro. Os guris, mesmo antes de terem idade para ver seus comportamentos definidos por termos ‘marketológicos’, como geração ‘XYZ’, já estão ligados no comportamento dos pais e de quem está a seu redor. Então, dar o exemplo é a saída”, reflete Carlos André Eyer, diretor de criação e operações da NBS/SP, que já trabalhou para o Greenpeace e, recentemente, com os Médicos Sem Fronteiras.
Já a Artplan ponderou o valor do presente material. O texto do seu anúncio provoca: “Neste dia das crianças, seu filho vai querer um belo presente. Mas lembre-se: ele também quer um futuro”. Roberto Vilhena, diretor de criação da agência, explica que a equipe criativa refletiu na peça “a lógica do que vamos deixar para o futuro”. “Educar é fazer escolhas e dizer ‘não’. Precisamos refletir sobre o que é, de fato, um presente”, afirma.
Essa não foi a primeira vez que a Artplan realizou um anúncio social. Ela trabalha com o grupo Afroreggae e Vilhena é voluntário na organização há dois anos. “Sou professor do núcleo que recoloca ex-presidiários no mercado. Faço trabalho de coaching e dou aulas de lógica”, conta. Vilhena defende que as agências, empresas voltadas para a construção de marcas e de bens de consumo, se envolvam em negócios sociais. “Elas deveriam avançar um pouco mais. Todos deveriam dedicar uma parte do seu tempo ao outro.”
Confira abaixo todos os anúncios produzidos para o propmark: