Na semana em que se preparava para completar seus 450 anos, o Rio de Janeiro recebeu a quinta edição do maior evento latino-americano dedicado à efervescente produção de conteúdo audiovisual para TV e mídias digitais – onde não há recessão. Isso ficou claro durante os três dias de realização do Rio Content Market, que contou com a – intensa – participação de quase quatro mil pessoas e todos os players mundiais relevantes do segmento, de pequenos produtores de regiões remotas do Brasil aos manda-chuvas da produção de empresas como Google e YouTube, Disney, HBO, entre muitos outros.
Além das palestras e keynotes de exposição de conteúdos (veja nesta e na página 15), reuniões previamente agendadas em rodadas de negócios e apresentações de projetos de pitching distribuídas em extensos espaços para networking ocuparam três andares do hotel Windsor Barra.
“Não vivemos um momento especialmente promissor na economia, mas a atividade da produção audiovisual está efervescente, é uma área que está extremamente aquecida. E existe, naturalmente, uma razão: por muito tempo houve demanda reprimida”, avalia Marco Altberg, presidente da ABPITV (Associação Brasileira de Produtoras Independentes de TV), que organiza o evento anualmente com produção da Fagga e curadoria da Esmeralda Produções.
Altberg destaca que nessa edição todos os players internacionais fizeram questão de apresentar seus projetos, ver e ser vistos. “Os menores produtores brasileiros tiveram seus momentos, suas oportunidades de apresentar projetos. No ano passado, a série ‘Conselho Tutelar’, da Record, nasceu aqui. Vamos ver no ano que vem o que nasceu nessa edição do evento”, disse Altberg.
De fato, a área cresceu fortemente a partir da Lei nº 12.485, que estipulou cotas de conteúdos nacionais nos canais a cabo. A produção brasileira – embora ainda tenha muito a caminhar e aprender com mercados mais maduros e consolidados como o americano – cresceu e apareceu. Ainda há muito a fazer em um mercado tradicionalmente dominado pela produção estrangeira, cenário bastante incomum mundialmente. O quadro muda aos poucos, enquanto a produção independente nacional se fortalece e se reconhece como um segmento forte, até recentemente inexistente.