9 de fevereiro de 1961, um dia antes de eu, Madia, completar 18 anos, cinco amigos decidiram fazer uma primeira apresentação num pequeno bar da cidade de Liverpool. O Cavern Club. Às oito horas em ponto ouviu-se o primeiro acorde de uma guitarra. Lá estavam, no palco, John Lennon, Paul McCartney e George Harrison, o The Fabulous Five – mais Pete Best na bateria, que mais adiante, em 1962, cederia as baquetas para Ringo Star, e ainda o baixista Stuart Sutcliffe.
O primeiro show dos Fab Five rendeu € 5 libras, uma para cada um. No fim do ano, o tipping point. As apresentações começam a atrair mais público e alguém recomenda ao produtor Brian Epstein que vá conferir. No dia seguinte era o responsável pelo conjunto. E no fim de 1962, o primeiro sucesso, Love Me Do, e nunca mais a música e o mundo seriam os mesmos.
A capela, igreja ou o templo dos Beatles, o Cavern Club, foi inaugurado anos antes, em 1957, pelo empresário Alan Sytner. Mais como um Jazz Club. Aos poucos foi
se rendendo a um tal de rock and roll… No total, os Beatles fizeram 292 shows no Cavern Club.
No ano de 1973, o Cavern Club original foi demolido, e, em 1984, reconstruído na mesma rua, do mesmo lado, 15 metros adiante. Com dificuldades financeiras, permaneceu fechado por 18 meses, entre 1989 e 1991, e reaberto com novos proprietários. Até meses atrás, enfrentavam graves dificuldades em função da pandemia. Mas, sem a menor dúvida, diante do tamanho da mística, sobreviverá. E assim que as viagens normalizarem, certamente permanecerá sold out – com a lotação esgotada – por meses.
Os Beatles, suas músicas, para a maioria dos 50 e mais anos, é como se fosse uma segunda religião. São as pessoas que mais viajam, que dispõem de maior poder aquisitivo e, em seu planos, um dia, bater o ponto em Liverpool e rezar, cantando junto, na igreja onde os Beatles começaram. Antes da pandemia, alguns depoimentos dos que tiveram o privilégio de bater o ponto e conferir o The Cavern Club:
Vanessa, Rio de Janeiro, fev. 2020: “Optamos por dormir em Liverpool para poder curtir o The Cavern Club e com show dos Beatles cover. Simplesmente sensacional, maravilhoso… foi a melhor balada de minha vida…”. Alan, Rio Grande do Sul: “Um dos lugares que mais queria conhecer na vida. Sonho realizado. Bandas de abertura e a banda cover é sensacional. Voltarei…”.
Ricardo, de Campinas: “Mágico. Depois de pagar, € 5 para mim e minha mulher, e descer dois andares por uma escada caracol, chegamos ao famoso salão que vemos nas fotos. Definitivamente, não tem preço estar num templo de rock como esse. Se você está vacilando em ir a Liverpool, decida já: Vá, Vá Voando…”.
É isso, amigos. Muitas pessoas perguntam qual é a importância da narrativa no branding. Total! E se absurdamente forte e magnetizante, potencializa a imortalidade. Independentemente da pandemia, de crises, e muito mais, e assim como os Beatles, o The Cavern Club will live forever.
Assim, e quando na Inglaterra, visitar o Castelo de Windsor, o Hyde Park, as pedras da Stonehenge, as Termas Romanas de Bath, e tudo o mais. Mas, se tiver só um dia e tempo para uma única atração, help, use A Day in the Life, junte os amigos da viagem para Come Together, e jamais Don’t Let me Down, I Want to Hold Your Hand, mesmo porque você e todos nós, tudo o que All We need is love…
Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)