Evento wow é aquele que encanta
O III Summit Eventos Brasil, realizado entre os dias 11 e 13 de setembro em Fortaleza (CE), abriu a programação do segundo dia do encontro, nesta terça-feira (12), com o painel “Por que os eventos são wow?”, mediado por Enid Câmara, presidente da Associação Brasileira das Empresas Organizadoras de Eventos (Abeoc) Ceará, diretora-regional da Academia Brasileira de Eventos e Turismo do Estado e diretora-geral da Prática Eventos, ao lado dos convidados Rodrigo Cordeiro, empresário, consultor e líder do projeto Fronteiras do Pensamento; Anita Pires, vice-presidente da Academia Brasileira de Eventos e Turismo; Ivana Bezerra, presidente do Visite Ceará; e Vanessa Guerra, gerente de planejamento da União Brasileira de Feiras e Eventos de Negócios (Ubrafe).
“Evento wow é aquele que encanta”, disse Enid Câmara. Mas para surpreender os participantes, a primeira providência é estratificar o público-alvo a ser trabalhado, considerando segmentações ligadas a grupos de viagens, agências, transportes, governos, fornecedores, entre outros. “É necessário que se faça uma pesquisa para saber o perfil de quem será atingido”, orienta o consultor Rodrigo Cordeiro.
Além da segmentação do target, é importante ainda entender os interesses da audiência, gerar conteúdo, networking e experiências, captar dados e garantir assertividade nas interações e engajamento com as pessoas. “Não acredito em eventos que duram dois ou três dias, e que depois não se comunicam mais com os participantes. É fundamental criar e alimentar a comunidade”, pontua Cordeiro. Segundo ele, a realização de eventos corresponde à segunda demanda mais solicitada por associados de entidades, atrás apenas do valor da anuidade.
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Anita Pires, da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, apresentou os números de 2013 para frisar a expansão e expressividade que o setor ganhou nos últimos dez anos, quando o turismo de negócios contabilizou 590 mil eventos anualmente, concentrados na região Sudeste (52%), seguido pelo Nordeste (20%); gerou 7,5 milhões de empregos; recolheu cerca de R$ 48 bilhões de impostos; faturou R$ 209,2 bilhões; e representou 4,3% do PIB brasileiro.
Os dados serviram como base para a elaboração do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). Considerando apenas empregos, o número sobe para 25 milhões no levantamento feito em 2019. “Essa comparação mostra a importância do novo dimensionamento do mercado, que deve ser finalizado até o fim do ano em parceria com o Sebrae”, antecipa Anita.
Informações da Ubrafe também elucidam o potencial do setor. As duas mil feiras realizadas apenas em São Paulo em 2019 geraram um impacto econômico da ordem de R$ 305 bilhões. Projeta-se um valor próximo de R$ 1 trilhão no Brasil hoje. O investimento em feiras somou R$ 16,3 bilhões no ano, 8,2 milhões de visitantes e 66,5 mil expositores, considerando 742 eventos e três milhões de metros quadrados de pavilhões - a maior metragem da América do Sul. “A cada um real investido, o retorno foi de R$ 35”, conta Vanessa Guerra, gerente de planejamento da Ubrafe.
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Ivana Bezerra, presidente do Visite Ceará, confirma a pujança do setor. “O turismo de negócios puxa o de lazer, e precisamos estar atentos aos números, pois temos hoje a concorrência das plataformas de aluguel de quartos”, frisa a hoteleira Ivana Bezerra. Segundo Ivana, as pessoas buscam cada vez mais experiências culturais, e não apenas comprar produtos.
Além de incentivar a permanência do turista de negócios para o lazer, Ivana enfatiza a urgência de se considerar a sustentabilidade na organização dos eventos. A executiva cita o exemplo da startup Esphera, que já atua na coleta adequada de resíduos para o reaproveitamento e transformação do material em novas fontes de renda.
Associativismo
Já o tema “A importância do associativismo para o desenvolvimento dos eventos e turismo” foi mediado por Sergio Junqueira Arantes, presidente da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, fundador e CEO do Grupo Conecta Eventos. Joaquim Cartaxo Filho, diretor-superintendente do Sebrae Ceará e presidente do Cetur-CE; Vanessa Guerra, gerente de planejamento da Ubrafe; e Jane Balbinotti, presidente da ABEOC Santa Catarina, também participam do debate.
“Sem associativismos não há entidades fortes”, crava Arantes, que falou sobre a importância de aproximar o mercado das Universidades para fortalecer o planejamento e orientar a decisão de negócios. Cartaxo Filho sublinha o trabalho do Sebrae para capacitar professores preparados para mostrar aos alunos a importância do empreendedorismo. Consultoria tecnológica, inteligência de mercado e estímulo a missões e feiras são algumas das frentes trabalhadas. “Associativismo só tem sucesso se estiver ligado ao ambiente de atuação do negócio”, acredita Cartaxo.
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Gerar experiência de imersão no desenvolvimento do território está entre os princípios do associativismo ao lado de adesão voluntária, autonomia, independência, gestão democrática, formação, interação, interesse pela comunidade e participação econômica dos associados, a fim de “fortalecer o elo entre as cadeias produtivas, reforçar diálogos e a competitividade”, emenda Cartaxo.
Jane Balbinotti, da Abeoc Santa Catarina, traz a experiência local na elaboração de uma carta de compromissos, que inclui: gestão e planejamento estratégico, capacitação, cuidado na sucessão, indicadores do setor, inovação e inclusão tecnológica, aproximação com outras entidades e calendário único, entre outras iniciativas. “São diferentes associações com interesses em comum. Temos de remar juntos”, sugere Jane.
Vanessa Guerra, da Ubrafe, lembra que a história do associativismo no Brasil começou em 1811, com o surgimento da primeira Associação Comercial do Brasil. “Networking, conhecimento, redução de custos, autoridade para a marca e competitividade são os principais benefícios do associativismo”, enumera Vanessa.
Mas é preciso ter relevância nas entregas para reter associados. Em 2020, a Ubrafe passou por um processo de transformação ao identificar uma lacuna no segmento de locais de eventos. Ao acolher os empresários ligados a essa atividade, a associação conseguiu elevar de cerca de 20 para 80 associados hoje. “Na pandemia, as associações se fortaleceram, com diversas ações, inclusive o Perse. É importante estender ajuda financeira aos associados”, finaliza Vanessa.
Crédito da imagem no topo da matéria: Edwin Andrade/Unsplash