O novo anuário do D&AD (Design and Art Direction) publicado pela Taschen foi desenvolvido para tornar-se um verdadeiro exemplo de publicação em massa sustentável. A criação teve parceria do especialista em sustentabilidade Nat Hunter, fundador da Airside, e do celebrado designer gráfico Harry Pearce, da Pentagram. O livro é o 49º da série e contém os trabalhos premiados na edição deste ano do D&AD Awards, eternizando o que de melhor se andou fazendo no último ano em propaganda e design.
A diferença fundamental é que esta edição é a mais sustentável já produzida pelo D&AD. Sua emissão de carbono é 82% menor do que a edição de 2010. O design e a produção tiveram como objetivo ir aos limites do que é possível em termos de produção editorial sustentável. Todos os elementos da produção foram questionados de modo a criar um sistema de produção replicável e com possibilidade de ser melhorado nos próximos anos. Hunter pensou numa versão puramente digital do livro, no entanto, quando se consideraram os grandes volumes de energia gastos para armazenar os arquivos em servidores durante décadas, e a possibilidade das pessoas imprimirem os materiais em impressoras comuns e pouco eficientes, chegou-se à conclusão de que não havia grandes benefícios na alternativa. Basicamente, foram reduzidos os volumes de materiais usados na produção do livro, descrito por seus criadores como um objeto de beleza arrebatadora.
O trabalho de produção começou na procura pela matéria prima ideal. Em vez de uma polpa barata da América do Sul, foi usado para produzir as páginas material 100% reciclado vindo da Áustria, de uma empresa com altíssimo padrão de sustentabilidade e detentora do certificado ISO 14,001. A polpa austríaca transformou-se em um papel de gramatura 80 que não utiliza madeira. A economia em peso foi de cerca de um quilo em relação ao Anuário de 2010, o que reduziu os preços de transporte e, consequentemente, as emissões de carbono. A decisão de não passar qualquer produto de tratamento ou finalização no papel também reduziu seu peso. Produzir o papel na Áustria – onde 70% da eletricidade é gerada pela água – também diminuiu dramaticamente o impacto no meio ambiente.
Todo o papel foi levado de carro até Trento, na Itália, para a impressão. As distâncias foram reduzidas em relação ao ano passado, quando os pesados livros vinham da China de avião. O papel mais leve na realidade significou menos material, veículos menores e menor gasto de combustível. As tintas usadas na impressão têm base vegetal. As páginas foram presas a uma capa produzida com papel certificado pela FSC – Forest Stewardship Council, de origem responsável – e finalizado com celulose. Foram eliminadas algumas seções do anuário e criadas maneiras mais econômicas de dividir os capítulos para evitar o desperdício de espaço. Os trabalhos premiados tornaram-se, assim, de fato, as grandes estrelas do livro.
O design de Harry Pearce para a capa é uma homenagem à famosa logomarca do D&AD criada por Fletcher Forbes Gill, que praticamente não foi modificada desde 1962.
por Claudia Penteado