Depois de 90 dias de negociações e análises da “saúde” dos veículos do Grupo O Dia, a Empresa Jornalística Econômico SA (Ejesa) – da qual o grupo português Ongoing detém 30% de participação – finalizou o processo de compra dos jornais cariocas O Dia, Meia Hora e O Campeão nesta quinta-feira (27).
O valor da negociação não foi divulgada pelo Grupo, mas a estimativa é de que foram desembolsados US$ 75 milhões para a aquisição. Segundo o diretor de redação do Brasil Econômico – primeiro jornal do Grupo no Brasil – Ricardo Galuppo, o primeiro passo estratégico será a integração da plataforma digital de todos os veículos. Galuppo esteve envolvido em todo o processo de negociação de compra e continuará no comando editorial do Brasil Econômico, junto com diretor-presidente do jornal José Mascarenhas.
Galuppo também adianta que o controle da redação de O Dia, por ora, continuará nas mãos de Ronaldo Carneiro (presidente da publicação) e do diretor de redação Alexandre Freeland. “Vamos dar um passo de cada vez. Essa é a postura da companhia. A área comercial dos jornais também continuará sem mudanças nesse momento, assim como parcerias digitais, como existe com o Portal Terra”, afirma.
Gigi Carvalho, herdeira do jornalista e empresário Ary Carvalho (que comprou o jornal em 1983) – morto há sete anos – atuará no Conselho Editorial de O Dia, do qual também participará Ricardo Galuppo.
A movimentação faz parte de processo de expansão do grupo Ongoing no País. O grupo de comunicação lançou o Brasil Econômico em 2009, com tiragem nacional, como ponta pé inicial dessa estratégia. Já no começo deste ano, o Ongoing – que em Portugal é dono do Diário Económico – anunciou que lançaria um novo jornal no Brasil, com sede em Brasília e foco no governo. No entanto, o grupo continua a estudar o mercado e não tem data para o lançamento.
Histórico
Desde o ano passado o tradicional diário O Dia vem passando por mudanças em busca de reverter queda nas vendas. Primeiro o veículo tentou novo formato no começo de 2009, passando a circular como tabloide em uma reformulação assinada por André Hippert. Já no início deste ano, o jornal mudou seu modelo de gestão, deixando a administração familiar para voltar a ter executivos de mercado na liderança da operação.
Foi quando Gigi Carvalho passou para o conselho de administração e o diretor financeiro Ronaldo Carneiro ocupou o cargo de presidente do diário carioca, nomeando um comitê executivo formado pelo diretor comercial Paulo Fraga, pelo diretor de redação Alexandre Freeland e por Carlos Alberto Quinto da Silva. Uma das propostas de Carneiro ao assumir o posto foi buscar novas parcerias para investir na publicação.
Em janeiro do ano passado a média de circulação de O Dia era de 100 mil exemplares. Em fevereiro caiu para 92 mil, em março para 82 mil e em junho para 70 mil. A maior queda, de 42,65%, foi em outubro, com 58 mil exemplares.
Segundo Galuppo, a compra ajudará a posicionar os jornais cariocas do Grupo, uma vez que faltavam a eles capacidade de investimento, o que a Ejesa tem. A rádio FM O Dia não entra na negociação.
por Daniela Dahrouge