No longo depoimento prestado à CPMI da Compra de Votos, mais conhecida como CPI do Mensalão, o empresário Marcos Valério identificou dois desafetos: o ex-ministro José Dirceu e o vice-governador de Minas Gerais Clésio Andrade. Porém, enquanto o relacionamento de Valério com Dirceu é reiteradamente questionado por deputados e senadores, o mantido com Andrade é tratado superficialmente. Os problemas de Andrade e Valério teriam começado na transferência do controle das agências SMPB e DNA. As agências pertenciam a Andrade, que socorrera financeiramente as empresas em fase difícil. Para comprar a parte de Andrade, Valério teria dado R$ 1 milhão de entrada por cada agência, num total de R$ 2 milhões, e garantido pagar em 10 prestações, R$ 400 mil pela SMPB e R$ 200 mil pela DNA, igual a R$ 6 milhões. O atual vice-governador mineiro, no entanto, segundo documento que está circulando de forma reservada em Belo Horizonte, o qual uma fonte do Propaganda & Marketing teve acesso, teria feito queixa sobre a inadimplência do compromisso. Como as prestações não teriam sido quitadas, Andrade teria protocalado queixa na 16ª delegacia de Belo Horizonte sobre o extravio dos recibos no dia 23 de novembro de 1999. Valério teria em seu poder as notas promissórias que teriam sido extraviadas. À CPMI, Valério disse que não deve nada a Andrade. No dia 3 de setembro de 2002, Andrade teria assinado a transferência definitiva para Marcos Valério, nesse caso representado pela holding Star Aliance, e Andrade pela Brasil S.A. A chegada de Andrade, especificamente à DNA, teve influência do vice-presidente José Alencar, tio de Daniel Freitas, já falecido, e fundador da agência.
Paulo Macedo
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