A pouco mais de duas semanas para o início da campanha eleitoral na internet, no dia 16 de agosto, o Facebook se viu em um imbróglio com grupos políticos na semana passada. A ideia para o período eleitoral é “proteger a integridade” das eleições neste ano, mas a atitude de remover conteúdos políticos já tem dividido opiniões. Durante evento na semana passada, em sua sede, em São Paulo, Katie Harbath, diretora global de engajamento com políticos e governos do Facebook, explicou como a plataforma tem agido em relação a conteúdos maliciosos e perfis falsos que disseminam fake news. 

A ideia é ampliar o monitoramento no período pré-eleitoral para evitar possíveis usos inadequados que beneficiem candidatos. O assunto é polêmico e merece atenção. Na quarta-feira passada (25), a rede social removeu 196 páginas e 87 perfis pessoais relacionados ao Movimento Brasil Livre (MBL), após investigação que detectou o mau uso da plataforma e o não cumprimento de suas normas. Segundo o Estadão, os perfis excluídos usavam identidades falsas, algo proibido pela empresa. Ainda assim, a atitude gerou acusações de censura. Na última quinta-feira (26) um grupo do MBL protestou em frente à sede do Facebook.

Alê Oliveira

 

Desde que veio à tona o vazamento de informações de milhares de usuários em abril deste ano, no caso da Cambridge Analytica, a rede social tem tentado firmar discurso pró-transparência. Fugindo do papel de determinar qual conteúdo é verdadeiro ou falso, a rede social se associou com três agências de fact checking no Brasil para que elas façam esse filtro. A ideia não é excluir sumariamente conteúdos identificados como falsos, mas reduzir em até 80% seu alcance. Para as eleições, por exemplo, o projeto Lupe, da agência Lupa, vai checar as declarações dos presidenciáveis e desmentir rumores. Tudo isso por meio de um chatbot via Messenger em que os usuários poderão enviar perguntas, que serão respondidas com tecnologia de aprendizado de máquina com base no banco de dados da agência.

Propaganda na rede
Esta será a primeira eleição brasileira em que será permitido o uso de publicidade paga nas redes sociais. E, para atualizar os candidatos sobre os formatos disponíveis, o Facebook tem feito reuniões Brasil afora com partidos e candidatos. A partir desta terça-feira (31), os interessados em anunciar na plataforma poderão se submeter ao processo de autenticação, que inclui envio de cópia de documentos pessoais. “É difícil prever qual vai ser o peso da propaganda em redes sociais na eleição. Cada país tem suas especificidades. Nos Estados Unidos você vê muitos candidatos fazendo campanha, promovendo seu crowdfunding e convidando os eleitores a participarem, uma vez que por lá o voto não é obrigatório”, destacou Katie. “O fato de nunca ter ocorrido algo parecido aqui torna tudo mais imprevisível e mais interessante de observar”.

Do ponto de vista comercial, a novidade pode ser positiva para a empresa de Mark Zuckerberg, que teve perda histórica de valor na semana passada. A companhia perdeu US$ 120 bilhões (cerca de R$ 446 bi) em um único dia na bolsa de Nova York. Entre os motivos da queda está o alerta feito por executivos de que o crescimento da receita iria desacelerar à medida que a empresa se concentra na privacidade dos usuários.

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