Proper e Croisetiere: negócio local com potencial

 

Cada vez mais estrangeiros estão trabalhando no mercado publicitário brasileiro, atraídos principalmente pelas oportunidades de negócios no setor digital. Eles são de diversas nacionalidades, variando de argentinos e canadenses a franceses e eslovacos. Em comum, eles chegaram há pouco tempo no país, falam o português, são jovens e empreendedores. Inspirados em modelos internacionais, alguns abrem sua própria startup e outros se associam a redes globais ou mesmo locais.

Um dos exemplos é o case da OndaLocal, empresa que faz a gestão da publicidade online para  micro, pequenos e médios empresários, aberta no segundo semestre de 2012 pelo canadense  Simon Croisetiere, de 33 anos, e o eslovaco Peter Proper, de 29 anos, que já trabalhavam com empresas ligadas ao marketing digital no país, mas que decidiram investir em um negócio próprio. “O nosso foco são os pequenos empresários, que ainda anunciam pouco na mídia digital e não são o foco das grandes agências. Damos suporte desde os anúncios no Google, criação de campanhas no Facebook até a criação de sites”, conta Croisetiere.

Segundo o executivo, a maioria dos clientes da startup é formada por clínicas de estética, contadores, em geral pequenos prestadores de serviços – e agora também chegam à empresa franqueados de marcas como Wizard e Yázigi. Ele afirma que o investimento inicial pode ser de R$ 800,00. “Ajudamos as PMEs a serem encontradas na internet e captarem novos clientes”, reforça. Um diferencial é que a OndaLocal é certificada para a gestão de publicidade do Google AdWords para PMEs no Brasil. A empresa já tem mais de 250 clientes e o objetivo é dobrar o número até o final do ano. “A nossa plataforma é alemã. O investimento em tecnologia foi alto”, afirma.

Para abrir a empresa, ambos foram pesquisar o mercado e têm os números sobre o potencial da área na ponta da língua. “Mais de 900 mil PMEs gastam aproximadamente R$ 15 bilhões em publicidade e marketing, mas só 10% vão para a mídia online. Há um potencial de mercado grande”, ressalta Proper. A OndaLocal declara ter recebido investimentos de um fundo e de investidores anjos.

Imobiliárias

Malka: fomentar o setor ajudando a divulgar as pequenas imobiliáriasJá o francês Mickael Malka, CEO do Canal do Imóvel, decidiu surfar nas ondas do mercado imobiliário. Depois de trabalhar em banco no país, Malka resolveu investir no setor e comprou participação há três anos na I-Value, empresa brasileira de softwares para imobiliárias, que também é dona do Canal do Imóvel, site de classificados de imóveis criado em 2002 e que acaba de fechar parceria com o R7 e passou a ser hospedado no portal da Record.

“O Canal do Imóvel está se tornando a parte mais importante da empresa. O R7 achou muito interessante que nós também buscamos fomentar o setor ajudando a divulgar as pequenas imobiliárias. Não temos ofertas de apartamentos de R$ 2 milhões. Isso não é Brasil. Queremos atender a classe média brasileira”, destaca o executivo. “Após analisar os principais players deste mercado, optamos pelo Canal do Imóvel com base em alguns fatores determinantes como a afinidade do nosso público, o tipo de serviço oferecido, a cobertura de atuação nacional, bem como o fortalecimento do nosso conteúdo”, reforça Dado Lancellotti, diretor comercial e de marketing do R7.

Malka, que hoje é sócio majoritário da I-Value, conta que uma nova versão do portal está sendo desenvolvida com lançamento previsto para 2014. A I-Value também é dona do valueGaia, um software usado por duas mil imobiliárias que oferece inteligência de mercado e está integrado ao Canal do Imóvel e outros portais. O francês também está criando cursos online para corretores. “Eu enxergo uma oportunidade enorme no mercado imobiliário brasileiro. Na Europa e nos Estados Unidos, 80% das transações imobiliárias são feitas graças a um corretor. Já no Brasil, 70% das negociações são realizadas sem corretor. É importante ter um corretor na transação”.

Mobile

Stella, da Brandtone: celular para engajarHá dois anos no país, o argentino Andres Stella, gerente-geral no Brasil da Brandtone, uma companhia internacional que oferece soluções para campanhas de mobile marketing, acompanha o boom do celular. Sócio-minoritário da startup criada em 2010 na Irlanda, ele vê o mobile como a mídia mais importante para engajar o consumidor brasileiro, com prêmios como bônus em celular. “O celular tem uma penetração maior que a Rede Globo e as mídias tradicionais, com uma capacidade de ser um canal de engajamento e de premiação. É  a intersecção de tudo que as marcas precisam para interagir com o consumidor”, avalia ele.

A Brandtone tem alguns cases de sucesso, entre eles a premiada campanha “Créditos para a torcida”, para a PespiCo Brasil. A ação consistiu em premiar pequenos varejistas com bônus de celular. A campanha engajou 53 mil varejistas, o que resultou em um aumento de mais de 7% nas vendas da marca. “Desenvolvemos campanhas muito simples, com prêmios de apelo forte”, acrescenta Stella. Além do Brasil, a companhia possui escritórios na África do Sul, Rússia, Turquia, Quênia e Nigéria. Entre os clientes também estão Unilever, Kellogg’s e Mondelez.