O diretor de criação do ano em enquete realizada pelo PROPMARK é o publicitário Felipe Silva. Nascido em Niterói, no Rio de Janeiro, ele migrou para São Paulo e construiu sólida carreira, primeiro na Mood e na fase da sua fusão com a Lew’Lara\TBWA, depois na Africa por outros cinco anos. Atuou também na Y&R à época da formação da VMLY&R.
Em 2019, resolveu empreender ao lado dos sócios Ari Nogueira e Angerson Vieira, fundadores da Gana, com o formato de coletivo de expertises pretas e para ser constituída por mão de obra 100% preta com profissionais de todos os estados do país.

A repercussão do projeto foi sintomática em um mercado que atualmente dá sinais para a diversidade racial, mas ainda de forma tímida. O nome da agência não é inspirado no país africano Gana. “Mas na história do Império de Gana, um dos mais ricos e democráticos da África antiga, a inspiração tem duplo sentido: com gana de vencer, vontade e força. O branding da agência também é um convite para o setor refletir sobre a presença de negros nos seus times, não pelos 56% de share da população brasileira, mas pela criatividade”.

Com os sócios Ari e Angerson, Felipe Silva deu vida à Gana, cujo plano é explorar as expertises pretas de todo o país (Divulgação)

Silva prossegue: “A ideia é que a Gana seja benchmark para que o mainstream e agências de todos os tamanhos abram as portas para os negros, que criaram tantas coisas nesse país, como o samba, os desfiles de Carnaval no Rio, a folia da Bahia e o funk, por exemplo. Todos com um lado econômico muito forte. No nosso projeto, estamos com gente da Bahia, Pará, Mato Grosso, Minas, Rio e de outros estados. Em todo canto, o talento preto marca presença. A bolha do Sudeste pode ser enriquecida por esses talentos. Nossa pretensão é crescer, ganhar clientes e aumentar nosso quadro fixo e de colaboradores. O mais importante é ver mais lideraças negras nas agências, um mercado predominantemente branco”, observa Silva, que divide os louros pela distinção obtida no ranking criativo com os sócios Ari e Angerson e os 20 funcionários.

Questionar a ausência preta foi combustível para a Gana. Nesses quase dois anos, em meio à pandemia, a agência foi buscar oportunidades e as encontrou. Silva enumera projetos que vem realizando nesse período para Facebook, Havaianas, Netflix e Nubank, além de ter conquistado a conta fixa do Guaraná Kuat, label do portfólio
da Coca-Cola. Para o Facebook, a Gana coordenou a ação para empreendedorismo Sexta Preta, que envolveu movimentos como talk show. Silva fala que a ideia foi sair da publicidade clássica. No caso de Havaianas, estamos trabalhando em uma coleção para 2022. Para Kuat, a expectativa de Silva é fazer com que a marca estabeleça conexão com o povo brasileiro e as vivências do nosso país.

“A Gana veio trazer o poder da criatividade preta e periférica para o mercado de comunicação para a nova economia. É muito significativo que o nosso primeiro cliente seja a Coca-Cola Brasil, com Guaraná Kuat. Uma das empresas que mais entendem de marketing no mundo apostou sua marca mais brasileira em uma parceria com a Gana”, ele finaliza.