Cena do documentário lançado por ESPN e Conspiração

 

Duas equipes de 11 contra 11, uniformes diferentes, um árbitro e uma bola que faz todo mundo correr. A única diferença do futebol de campo para o tradicional futebol de areia é o solo onde os atletas se divertem e desfilam (ou não) suas habilidades. E no Rio de Janeiro, o futebol de areia é uma das modalidades mais populares. Para retratar a história e as estórias desse esporte e de como ele se mistura à evolução da “Cidade Maravilhosa”, a ESPN e a Conspiração Filmes juntaram esforços para lançarem a série “Ao som do mar, à luz do céu”, produzida com recursos da Ancine (Agência Nacional do Cinema) e da patrocinadora Petrobras.

A obra, dividida em quatro episódios de 26 minutos, estreou na última terça-feira (4) no canal de TV por assinatura. Apesar de ser uma série, o tom do programa é mais documentarista, narrando as histórias do esporte tipicamente carioca desde o início do século 20, em uma trama que se funde com a transformação de Copacabana em uma das praias mais famosas do mundo. “A ideia inicial era uma série sobre futebol de praia, que é um tema mais hermético e para iniciados, mas o que fazemos é entretenimento, então, também falamos sobre a ocupação das praias no sul do Rio de Janeiro, que deixaram de ser um matagal para ser o que são hoje”, explica Luís Antonio Silveira, produtor executivo da Conspiração. Para a história ser retratada fidedignamente, a produtora gastou aproximadamente um ano só em pesquisa de material histórico.

A maior parte da série é feita de depoimentos (foram aproximadamente 40 testemunhos de atuais e ex-atletas), imagens históricas recuperadas, filmagens do campeonato atual de futebol de areia e até mesmo reconstituições de cena. “Nós retratamos o esporte mais popular do Rio de Janeiro e que ainda não tem nenhum registro histórico, então este documentário serve para a contar a história desses heróis conhecidos e anônimos”, afirma Pedro Amorim, diretor da série, que ressalta que o futebol de areia não é o famoso “Beach Soccer”, este chancelado pela Fifa e que conta até com competição mundial. “Não falamos apenas dos grandes nomes, como Paulo César Caju, Edinho, Júnior (ex-atleta do Flamengo), Júnior Negrão (ex-jogador de beach soccer), ou mesmo de árbitros como Arnaldo Cézar Coelho ou o carismático Margarida. O grande lance são os ‘grandes desconhecidos’ jogando em times como Lá Vai Bola, Juventus, Radar, Copaleme, Ouro Preto, Colorado, Areia e Copacabana, que tinham o futebol de areia como prioridade número um”, explica Amorim.

A evolução do Rio de Janeiro se mistura às histórias contadas em “Ao som do mar, à luz do céu”. “Também falamos do Rio, do glamour total à decadência na década de 1980, com a cidade ficando mais violenta e a praia ter virado um reduto disso. E agora há o ressurgimento, com a revitalização do espaço e o maior espaço ao esporte”, conta o diretor da obra.