Desde a ascensão do Napster no início dos anos 2000, a indústria fonográfica tenta se adaptar e reinventar para conter perdas ligadas à pirataria e ao livre compartilhamento de músicas. Além disso, diante da facilidade do download de músicas ante a diminuição na compra de discos, a verba ainda exorbitante para a produção e divulgação de um CD fica cada vez menos justificada. Para tentar resolver esses impasses e lucrar com um novo modelo de negócio, foi criada a Neo Idea, companhia que irá atuar como um canal direto entre artista e público.
Olhando por fora, o produto nada mais é que um pen drive, que pode armazenar de 2GB a 120GB de dados. A diferença se dá no conteúdo oferecido. Além de músicas e vídeos do artista em questão – que podem ou não ser bloqueados contra a cópia – o Neo Idea também terá informações e poderá ser atualizado a cada lançamento musical, uma vez que, conectado, sincroniza seu conteúdo com a “nuvem” (do conceito de cloud computing) da rede do produto, e oferece as atualizações disponíveis, sejam elas gratuitas ou custando valores módicos – nos mesmos moldes de uma app store.
“Queremos promover a relação direta entre o artista e o seu fã”, diz Alcir Abuchaim, ceo do Neo Idea e da Sync Produções, que costurou uma parceria com as primeiras bandas participantes do projeto: Lucenzo, autor do hit “Danza Kuduro”, entra como atração internacional, enquanto Biquíni Cavadão, Jorge & Mateus, Gusttavo Lima e Maria Cecília & Rodolfo participam no Brasil. Apesar de apresentar uma alternativa à venda convencional, o Neo Idea inicialmente não será disponibilizado para o grande público e, inicialmente, não terá produção massiva.
Dependendo do cliente, o produto poderá ser vendido, caso do Biquíni Cavadão, ou usado como forma de relacionamento e divulgação de marca, tendo Lucenzo como o maior exemplo. E a monetização do projeto passa também por esta parte de comunicação. Além de armazenar e atualizar as músicas, baixando-as por um protocolo diferente do universal (HTTP) usado na internet, o software pode ser personalizado e também serve como exposição e relacionamento com fãs. “O Neo Idea pode ser mapeado e comercializado como um veículo de mídia. Todo e qualquer espaço pode ser vendido”, ressalta Abuchaim, que acrescenta que o produto também serve como ferramenta de pesquisa de mercado para os próprios artistas. “Sabemos a idade, o sexo e a georeferência desse usuário, além de quais músicas estão sendo mais tocadas, então, as bandas podem estudar seus fãs”, comenta.
Outras alternativas de rentabilidade são o patrocínio de marcas aos novos lançamentos e a venda de ingressos via Neo Idea, algo possível devido à tecnologia RFID (radiotransmissão) presente no cartão. O produto terá preço variável – “quem define é o artista”, segundo Abuchaim -, mas deve custar em torno de R$ 60.