A cada dia fica mais clara a percepção de que os princípios ESG invadem todos os negócios e atividades humanas. Isso é muito bom. É a esperança de que o mundo finalmente está acordando, determinando um senso de urgência às questões ambientais, sociais e de governança ética nas corporações. O assunto é complexo, mas ganha tração, principalmente em função do espaço dado pela mídia.
Independentemente das pressões do universo financeiro, que tem exigido das empresas relatórios que valorizem não apenas o lucro, mas também as atividades de cunho ambiental e social, quanto mais as pessoas se conscientizam da importância desse movimento, mais as empresas se sentirão impelidas a adotar uma agenda compatível com os princípios ESG.
E as associações e entidades representativas podem ajudar. É diferente a atitude esperada por uma empresa de atividade industrial, consumidora de energia intensiva e geradora de CO2 e resíduos em grande quantidade, quando comparada à de um negócio na área de serviços, com atividade restrita a escritórios.
É preciso que essa contextualização seja levada em conta e essas entidades podem fazê-lo muito bem. É o caso do Think Tank ESG nos Eventos, que tenho a responsabilidade de coordenar.
Esse esforço coletivo, que se iniciou no dia 29 de abril passado, reúne, sob liderança da Câmara Brasileira da Indústria de Eventos, as principais instituições do setor para um entendimento mais profundo das implicações da agenda ESG nas atividades relacionadas aos eventos.
Líderes de mais de 10 associações, além de profissionais especializados, presenciaram apresentações conceituais sobre o tema e partiram para um exercício de Design Thinking para, de forma coletiva e colaborativa, chegarem juntos a insights e definições de atividades a serem compartilhadas com os demais players do setor.
Agências, espaços, clientes, provedores de serviços e especialistas estavam representados, compondo um espectro de boa amplitude para conduzir os trabalhos. Por ter acontecido na última sexta-feira, a consolidação dos resultados ainda não foi concluída, mas certamente será compartilhada aqui nesta coluna.
Essa iniciativa da formação de um think tank, aparentemente pioneira, deve servir de exemplo para outros setores da economia. Ainda há muito desconhecimento das características e nuances do universo ESG e suas implicações nos negócios.
As instituições representativas poderão contribuir com seus associados nesse entendimento. O certo é que ninguém poderá ignorar o avanço da importância dessa agenda.
Pesquisas apresentadas pela KPMG apontam um crescimento exponencial da importância dada aos conselhos de administração e diretorias executivas ao tema.
Antes restrito às questões de sustentabilidade, o assunto ganha maior dimensão, inserindo na pauta os aspectos sociais e de governança. E a tendência se mostra irretornável. Mas isso tudo deve ser encarado mais pelo lado das oportunidades do que das necessidades impostas pela sociedade.
A implementação de um programa consistente de ações relacionadas aos princípios ESG não necessariamente gerará mais custos às empresas.
Ao contrário, ao cuidar melhor do seu consumo de água ou energia, por exemplo, as contas podem diminuir.
Da mesma forma, ao se implementar um ambiente mais igualitário e inclusivo nas corporações, poderá haver uma maior atração e retenção de talentos, já que, sabidamente, os profissionais mais jovens, da tal geração Z, dão muito mais importância a essas questões do que até ao salário oferecido. Por outro lado, o fato de não agir pode ser encarado como um risco.
O efeito dominó de exigências já atinge fornecedores de todos os tipos, aos quais se exige adesão à agenda ESG, sob risco de ficar de fora do radar das empresas contratantes. É hora de um esforço abrangente e coletivo. E as associações e instituições representativas estão convocadas!
Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
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