As agências indies são o oxigênio da indústria da comunicação, avisa a revista Advertising Age em seu Small Agency of the Year 2023, divulgado em agosto. Toda grande agência hoje já foi pequena um dia se conseguiu preservar seus valores. E isso é ser independente.
Volta e meia torno a falar sobre o tema, pois, sem David, Golias teria sido o vilão perfeito. Também porque a agência da qual sou sócio, a Tech and Soul, já ganhou duas vezes esse prêmio americano, em que os grandes criativos do momento, planers e CEOs americanos avaliam três cases de cada empresa inscrita, sua cultura, seus clientes, faturamento e o impacto da agência no mercado onde atua.
Uma empresa abaixo de 150 funcionários para os gringos ainda é pequena. Bem, já ganhamos duas vezes. Em 2020, como Agência Internacional, junto com a Uncommon de Londres, e em 2021, entre as americanas, na categoria Experiential.
As independentes costumam ser um bom contrapeso da indústria da comunicação, liderada pelos grandes grupos. Esse prêmio, o Small Agency, serve para mostrar que internacional e multi precisa ser o pensamento e o talento. Não o local onde você decide pagar os impostos.
O prêmio principal deste ano foi para a Slap Global, de Gerry Graff e Max Itzcoff. Eles uniram talentos extra seniores na Argentina, New York, Madrid, com um conceito bastante interessante: “Não importa onde, mas quem”.
É um traço das indies, ter uma interlocução altamente qualificada. Muitas vezes numa conversa de meia hora você entende tudo sobre o que o cliente precisa. São 25 anos de experiência que fazem valer a meia hora decisiva para o cliente. O conceito deles: “Faça algo único e compartilhável, com uma verdade humana dentro.”
Outra agência de destaque foi a Atlantic NY, do português Coutinho e do brasileiro Pupo, superstars globais que decidiram criar um negócio próprio. Com apenas 10 funcionários, possuem receita de 2,9 milhões de dólares e trabalho premiado além de comentado.
Eu me identifico com o fato de que não tiveram investidores para começar a agência. Foram com dinheiro próprio e talento.
Erich& Kallman aparece como agência do ano vinda do oeste americano. Com apenas sete anos e uma receita de 11 milhões de dólares, eles apostam em profissionais seniores e jovens ambiciosos para evitar estruturas inchadas e ineficientes. Ou seja, médio não entra. Excelência sim.
A Erich & Kallman cresceu, pois sabem fazer humor superbem e, pós-pandemia, houve uma procura por esse tipo de comunicação. O trabalho dessas empresas me lembra do primeiro
dia que comecei na profissão, parecia que aquele negócio seria bem divertido. Ainda é.
E me lembra também do tremendo orgulho em fazer parte dessa turma indie que agita a indústria da comunicação.
Se quiser conhecer mais o trabalho dessas e outras agências, ele está disponível em adage.com/smallagency. A melhor forma de prever o futuro é construindo-o do jeito que acha que deve.
Flavio Waiteman é CCO-founder da Tech and Soul
flavio.waiteman@techandsoul.com.br