O mercado publicitário e de comunicação busca incansavelmente por liberdade, transparência, ética e responsabilidade, conceitos e características que, infelizmente, em tempos de guerra e desproporcional polarização, podem se perder, resultado da falta de conciliação, empatia e equilíbrio. Mas para a ABA é e sempre será tempo de união! Nesse cenário, o caminho para traçar um propósito com olhar para o futuro se dá a partir da criação de conexões humanas pautadas pela verdade e transparência, fortalecendo a relação de confiança com os consumidores. No fim, é por eles que todos nós trabalhamos.

Quando uma marca conquista o direito de participar das conversas do consumidor de forma genuína, consequentemente abre-se um canal para construção de reputação e relevância para todos os entes do mercado. E tal conquista só é possível por meio de práticas éticas e sustentáveis, alinhadas com os interesses de cidadãos e empresas.

Esta é a bandeira de diversas ações da ABA e, em particular, do já conhecido Movimento “Boas Práticas do Mercado Publicitário Brasileiro”; uma iniciativa conjunta formada por diferentes agentes do setor para promover o diálogo e muita reflexão sobre os caminhos de autorregulamentação que precisa ser cada vez mais transparente, eficiente e justa.

Tudo isso se deu a partir de um convite da própria ABA – no primeiro semestre de 2021 – dando início a um caloroso diálogo aberto entre todos os membros do mercado. Ao menos na última década, não tenho lembrança de ter havido um processo de criação e troca de ideia tão eficiente, livre e democrático, com todo o mercado como o que estamos promovendo. Quem aceitou participar teve oportunidade de opinar. E estamos sempre abertos a todos. Como diz o velho ditado, é conversando que a gente se entende.

Parafraseando o filósofo Zygmunt Bauman, o mundo é líquido, um mundo sem forma, sem divisões e sem barreiras. As próprias agências e empresas como um todo vivem uma nova realidade no que tange às relações trabalhistas, modalidades e formatos de trabalho/escritório/home office, terceirização, estabelecimento de metas e cumprimento de governança corporativa. Por isso, esses elos de nossa cadeia devem manter o diálogo constante sobre os melhores processos de concorrência, métricas de resultado e focar na formação de lideranças capazes de orientar o setor, investir em educação e na defesa do mercado.

A relação agência e anunciante ainda sofrerá grandes mudanças devido ao impacto dessa nova relação entre marcas e consumidores baseada na vida digital. E será a partir da liberdade de escolha que alçaremos transparência de custos no dia a dia de marcas e anunciantes, melhor clareza das fontes de receita e, principalmente, maior eficiência na cadeia operacional.

Queremos manter o mercado de comunicação na rota das economias do futuro, da economia criativa com esse sentimento, de liberdade e flexibilidade. E isto deve valer para anunciantes públicos e privados, pois a ABA defende o tratamento isonômico entre esses agentes, salvo, é claro, especificidades determinadas por lei.

Desta maneira, o diálogo não pode parar. O trabalho que começou em 2021 e já apresenta bons frutos em 2022 tem ajudado os diferentes atores do ecossistema publicitário a melhor refletir sobre suas práticas e o melhor caminho para se livrar de padrões que, no fim do dia, anulam a inovação e criatividade, ou seja, a alma de nossa publicidade e a garra de nossos times. Mas unidos, sempre poderemos virar o jogo.

Nelcina Tropardi é presidente da ABA (Associação Brasileira de Anunciantes) e cofundadora da AKIPOSSO+
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