Antes que você pense que este colunista pirou, quero que saiba que o título deste artigo está certo. 2030 é um ano-chave para o futuro da humanidade. Não estou exagerando. É uma data vital mesmo!

Desde que foi assinado e ratificado o Acordo de Paris e estabelecidos os 17 ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável –, os países signatários se comprometeram a cumprir metas importantes de redução de emissão de gases de efeito estufa para evitar um aquecimento global acima de 1,5°C.

195 países assinaram e 147 ratificaram o acordo (inclusive o Brasil). A meta do Brasil é uma redução de 43% das emissões (principalmente metano). E 2030 é a data limite para que isso aconteça, sob risco de ultrapassarmos o temido ponto de não retorno e condenarmos nosso planeta a uma trajetória inevitável de destruição.

Para termos um feliz 2030, portanto, precisamos garantir um 2023 consciente e um esforço concentrado nos anos que se sucedem até a data limite para evitar o mal maior. Não seremos nós os maiores impactados, mas nossos filhos, netos e bisnetos.

Quanto ao Brasil, o que serve de alento é que teremos um novo governo que se mostra, desde já, preocupado e interessado em olhar para as questões climáticas e de preservação com outros olhos.

Para o nosso país, esse esforço pode ser um ônus ou um bônus. Já temos uma matriz energética invejável, com mais de 80% advindos de fontes alternativas, principalmente a hidrelétrica.

E a abundância de sol e vento aproveitáveis nos torna um país privilegiado. Sem falar da biomassa. É bom lembrar que fomos os pioneiros no desenvolvimento de uma fonte alternativa renovável de energia, com o Proálcool.

Mas o problema por aqui é o uso inadequado do solo, o desmatamento e as queimadas, fenômenos que nos colocam na incômoda 4ª posição entre os países de maior emissão de GEE (Gases de Efeito Estufa). Precisamos de políticas ambiciosas de preservação das nossas matas, de nossos rios e de nossos ricos biomas. E, repito, isso pode trazer um bônus importante, decorrente do comércio internacional de créditos de carbono, que está sendo regulamentado. Temos tudo para nos tornarmos geradores de créditos, que deverão ser adquiridos por países que precisarão compensar as suas emissões.

Há ainda o imenso potencial do hidrogênio verde, que se mostra uma das fontes de energia do futuro. Para separar o H2 (hidrogênio) do H2O (água) é preciso muita energia e não faz sentido fazer isso com fontes derivadas de petróleo.

Com uma matriz energética limpa e água abundante, o Brasil poderá se tornar um grande produtor de hidrogênio e se beneficiar muito com isso. Não é exagero afirmar que o hidrogênio verde é o petróleo do futuro. Tudo isso nos coloca numa posição privilegiada para um feliz 2030.

Mas não é assim tão simples. Será necessária uma política de governo totalmente focada nesses aspectos ambientais e uma ação contundente e efetiva para reverter o quadro de desmatamento que assusta nosso país e o mundo.

E, além das questões climáticas, há outras mazelas que devemos cuidar para tornar este nosso Brasil mais justo, mais inclusivo e menos desigual. Mas, como este texto é o último de 2022, antes de pensar em 2030, quero desejar um 2023 muito bom a você, sua família e seus negócios.

Que o próximo ano seja de maior consciência, sensibilidade e união, proporcionando um ambiente muito mais positivo para todos. Que deixemos de lado a odiosa polarização de ideias, que vem separando brasileiros. Que coloquemos na frente os princípios da boa convivência, da tolerância e, mais do que tudo, o respeito e a
inclusão.

Que os princípios ESG finalmente prevaleçam nos planos das empresas e dos governantes, tornando nosso país ambientalmente responsável, socialmente inclusivo e eticamente governado. Que tudo isso traga um desenvolvimento sustentável, bom pra todos! Um feliz 2023 pra todos nós!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br