No momento atual é praticamente impossível pensar na organização de um evento, seja ele no formato que for, e não pensar na aplicação de práticas de impacto positivo, que são atualmente essenciais para a sua produção e execução. Não por ser bom para a imagem, para o marketing ou para parecer consciente nas redes sociais, mas porque o mundo mudou… Ainda bem que mudou! E o universo dos eventos e do entretenimento precisa acompanhar essa mudança.
A adoção de boas práticas na execução de projetos que transformam os lugares por onde passam tem se tornado cada vez mais comuns, já que a sustentabilidade tem sido um assunto recorrente na mídia, na política e no mundo corporativo.
Essa transformação é necessária, urgente, e a atuação em rede para buscar melhorias está ganhando muita força. Alguns dos grandes eventos, festivais e concertos têm feito artistas e políticos se engajarem nessa nova onda. O Rock In Rio, um dos maiores festivais do mundo, por exemplo, trabalha com um projeto de reflorestamento na região do Rio Xingu. Além de melhorar a qualidade da floresta, a proposta contribui para melhorar a qualidade da água e a vida do mundo.
Falando em legados, não posso deixar de citar o deixado por um outro grande evento sediado no Rio de Janeiro em 2016: as Olimpíadas. Graças ao maior evento multiesportivo internacional, a cidade do Rio de Janeiro conseguiu abrir a Linha 4 do Metrô, ter mais corredores de ônibus e VLTs, melhorando a mobilidade da cidade. O centro da cidade e a zona portuária ganharam uma nova vida e o Boulevard Olímpico se tornou um ponto de encontro comum entre as pessoas.
Algumas bandas e artistas também estão mais atentos aos impactos causados por consequências de algumas ações. A banda Coldplay adotou sete atitudes para tornar sua próxima turnê mais sustentável, prometendo fazer com que os shows emitam menos carbono possível. O conjunto inglês tem como objetivo reduzir consumo, reciclar extensivamente e reduzir emissões de CO2 em 50%. Durante as apresentações, o movimento do chão do estádio se transformará em energia, o palco será feito de bambu, trará painéis solares, além de incentivar o reflorestamento, com o plantio de árvores por cada ingresso vendido, sendo parte das ações que serão praticadas.
Outro acontecimento que ajudou na difusão do impacto positivo na vida das pessoas, ainda mais durante esse período de pandemia, foram as lives, que já se tornaram um caminho sem volta na relação das marcas com os consumidores. Muitas dessas lives tinham, não só o interesse em entreter, mas também o de arrecadar doações para ajudar aqueles que mais precisavam e foram duramente impactadas pela situação atual.
Mais do que isso, os eventos são parte de uma cadeia produtiva imensa, que movimenta milhões, que gera emprego, renda e desenvolvimento local. Isso precisa ser, cada vez mais, internalizado antes, durante e depois da execução.
Mensurar os impactos positivos e negativos nos ajudam a aprimorar constantemente as melhorias que precisamos fazer. Essas práticas essenciais necessitam e, provavelmente, serão parte da nossa vida daqui para frente. Não podemos mais fazer um evento sem pensar no impacto que seu legado deixará, seja na estrutura, plano de mobilidade, nas comunidades, reciclagem, oportunidades, etc. A estratégia principal precisa ser, para sempre, com os compromissos de impacto positivo.
E estamos cada vez mais comprometidos com isso!
Juliana Ferraz é sócia, diretora de negócios e RP da Holding Clube