Fim de ano. Aquele tempinho extra. Lá vou eu para o Fortnite. Tenho de admitir que ganhar de quem tem a metade da sua idade é excelente. Perdi bem mais que ganhei? Talvez. Isso não vem ao caso...
O lance é que, para quem não sabe, existe uma rixazinha entre millennials e gen Z dentro dos games. Na boa… quem eles pensam que são? Um bando de criados no carpete dos games. Só sabem o que é um fliperama se for desses que vêm com 10, 15, 20 mil jogos. (Haters dirão que é inveja minha)
Pera aí. E se eu estiver errado? E se do outro lado da tela não for uma pessoa de 20 anos? E se for a Rosalinda, de 70 anos, que já criou filhos, netos, e agora está destruindo no Fortnite com o nick “p3s4D3L1nH0”?
Pois é! A turma da terceira idade está chegando com tudo nos games: segundo o Euromonitor, 21% das pessoas acima de 60 anos já são gamers regulares.
E não pense que elas estão só matando tempo. Um estudo da Universidade da Califórnia revelou que os games são verdadeiras academias cerebrais para os mais velhos. Atenção, raciocínio rápido, habilidades sociais... tá tudo lá.
Minhas avós, por exemplo, eram gamers natas. Jogavam tranca e bingo com uma estratégia que nem os melhores millennials ou gen Z possuem. E, quer saber? Elas jogavam pelos mesmos motivos que qualquer um de nós: para encontrar os amigos e, claro, para sentir o doce sabor da vitória.
Outro dia tava zapeando pelo TikTok e dei de cara com um ex-sniper aposentado do Exército americano, já na terceira idade, que “hitou” dando dicas no Battlefield - game da Eletronic Arts. O cara entrou no servidor e agora tá dominando entre os novatos. Quem diria?
Por outro lado, a tecnologia ainda é uma barreira clara para os idosos. Entender os games mais recentes pode ser tão desafiador quanto explicar para uma criança o que é um VHS ou, pior, um pager.
Precisamos de games mais intuitivos, que não exijam cursinho para entrar (Alô Anglo, tá aqui uma ideia de negócio, hein?). Se conseguirmos trazer mais gerações para o mundos dos games, talvez dê para diminuir o abismo entre elas. Imagina só, avós e netos passando o tempo juntos no Lego Fortnite, construindo suas vilas, compartilhando histórias pelos chat de voz e criando memórias que vão além das diferenças de idade.
Quem sabe o crescimento e a evolução da indústria dos games esteja mais conectada com a inclusão de novas gerações do que com o lançamento de novas tecnologias.
A rixa gen Z-millennials-baby boomers vem aí.
Rafael Hessel é diretor-geral de criação da Druid