Quando se fala em Black Friday vem algumas palavras à cabeça, a primeira, claro, promoção. Mas também desconto, e-commerce, presente, Natal, entrega no prazo, parcelamento sem juros e por aí vai. Também é comum pensar no last mile, ou logística de última milha, aquele percurso feito do produto até o consumidor final e que deixa todo mundo feliz, clientes e varejistas, quando tudo ocorre nos conformes, impactando diretamente na avaliação da empresa.

Isso é tão verdadeiro, que uma pesquisa realizada pela Forrester & IBM, apontou que 7 em 10 consumidores provavelmente não farão outra compra com uma marca que proporciona uma experiência de entrega ruim. Mas para ter uma entrega eficiente é necessário criar uma operação estruturada, e fazer isso acontecer para um volume cada vez maior de encomendas, em um tempo e custo que precisam ser cada vez menores, é desafiador. Os grandes players do mercado já entenderam a importância da logística da última milha, por isso, estão crescendo e dominando o mercado. 

Mas por que eu falei até agora sobre o last mile? Simplesmente porque ele não terá sucesso nenhum se o first mile, logística de primeira milha, não estiver trabalhando desde este exato momento para fazer a Black Friday acontecer lá em novembro. Explico.

O first mile é a primeira etapa de um processo de entrega de produtos. É a fase em que é feita a transferência da mercadoria do fabricante (indústria) para os centros de distribuição. Ela é tão importante, principalmente quando falamos de um país que tem 8.516.000 km², que o comprometimento em seu funcionamento, seja pelo mau escoamento da carga, atrasos na entrega ou avaria da mercadoria, pode ser sentido nos preços e na má avaliação da qualidade pelos consumidores, o que traz descredibilidade para a data e preços elevados, remetendo às famosas frases: “tudo pela metade do dobro” ou “black fraude”. Então a hora é agora para a indústria começar a se preparar e garantir a entrega na cadeia de suprimentos, já que é nela que se inicia todo o abastecimento.

Na edição do ano passado, a Black Friday ignorou a crise e teve um ótimo desempenho. O faturamento saltou 31%, chegando aos R$ 5,1 bilhões. Segundo a Neotrust, a data foi um marco para a história do e-commerce brasileiro e concentrou o maior volume de vendas já registrado no país em todos os tempos.

Com a adesão do home office e o distanciamento social, as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa. Com isso, eletrônicos, celulares e eletrodomésticos saíram do topo dos mais vendidos, dando lugar para moda, saúde, artigos para casa, construção, decoração e entretenimento. E esses são ótimos indicativos de como a indústria pode se preparar para atender a demanda esperada para este ano: estar atenta aos novos hábitos de consumo das pessoas.

A logística tem grande impacto em todas as pontas do processo, seja no first e no last mile e valor final. Garantir um rápido carregamento e entrega eficiente, ajuda nos custos, na otimização e na operação de toda a cadeia. Monitoramento e visibilidade em tempo real, controles mais automatizados e dados precisos fazem uma enorme diferença na gestão da operação, pois identifica gargalos e atrasos, permitindo maior antecipação das adversidades e ocorrências do transporte, principalmente o rodoviário, predominante no Brasil devido sua extensão territorial.

Se a indústria estiver se preparando para abastecer os varejistas, e os varejistas estiverem se preparando para atender o consumidor final, ávido por compras e promoções, podemos esperar um 26 de novembro muito promissor para bater novos recordes.

Denny Mews é fundador e CEO da CargOn e professor do MBA em Transporte Rodoviário de Cargas (TRC), da Fetrancesc com a Católica de Santa Catarina – Centro Universitário