A América Latina é de fato uma potência. Ao assistir um painel sobre o tema no Cannes Lions, com uma apresentação de Jessica Apellaniz, presidente da W+K México, ela conseguiu resumir muito do que venho presenciando com a música pop atual.

Já sabemos que a América Latina é um mercado enorme e repleto de originalidade, por uma conjunção de fatores, como as trocas culturais e musicais, diferentes gêneros, entre outros aspectos. Deixou de mais um gênero emergente e se tornou o gênero dominante. A música latina urbana, por exemplo, se tornou favorita entre os ouvintes, especialmente da Geração Z.

Em uma plataforma cada vez mais engessada por apelos menos intrusivos, conseguimos ver no mercado latino-americano uma paixão pela cultura do inusitado. Há alguns meses, eu estava assistindo o Coachella pelo Youtube, quando me deparei com Peso Pluma, um artista mexicano que tomou conta dos festivais de 2024. A música dele é simples, direta e cultural. Com uma orquestra de sopro, fazendo um show pop e universal.

Segundo pesquisa divulgada em 2021 pelo Instituto Alpha Data, a busca por música latina cresceu 25% nas plataformas de streaming de 2019 para 2020. Esse tipo de aumento acontece exatamente quando mais artistas latino-americanos se destacam no cenário mundial. O mercado musical, que sempre valorizou a linguagem em inglês, agora abre espaço para artistas de diferentes nacionalidades – como os coreanos, por exemplo - fazerem sucesso, ultrapassando 6 outros artistas norte-americanos e ingleses, ganhando prêmios e reconhecimento. A receita da música latina nos Estados Unidos superou o mercado geral da música pelo segundo ano consecutivo, atingindo um novo recorde de US$ 1,4 bilhão e representando um crescimento de 16% em relação a 2022.

De acordo com o 2023 U.S. Latin Music Revenue Report da Recording Industry Association of America (RIAA), a indústria da música latina continuou aumentando constantemente sua participação de mercado em todo o mercado dos EUA, atingindo um novo pico de 7,9%.

Agora, quando juntamos falas da Jéssica, como que o povo latino-americano é movido, como por exemplo a paixão, com exemplos culturais que transcendem a barreira americana da linguagem, podemos ter exemplo de como cada vez mais as pessoas querem algo novo e que nos faça mover, no ritmo ou na vida.

Felipe Kim é produtor musical da Loud+