As empresas precisam ter um plano para tornar seus modelos de negócios compatíveis com uma economia neutra em carbono. Nesse sentido, a economia circular surge como um aliado valioso. Os benefícios da economia circular são claros, projetar produtos e serviços que evitam o desperdício e a poluição, bem como garantir a preservação dos recursos naturais por meio de estratégias circulares, como reutilização, reparo e reciclagem. Além disso, a economia circular enfrenta um problema urgente da sociedade moderna: a geração excessiva de resíduos e lixo que ameaça os biomas do planeta. No entanto, apesar de suas vantagens, a penetração na economia global ainda é muito baixa, com apenas 7,2% adotando o modelo circular.

Para as organizações, adotar a circularidade representa uma oportunidade para desvincular o crescimento de seus negócios do consumo excessivo de recursos. Os benefícios desta transição são notáveis, pois economia e eficiência se traduzem em maior lucratividade.  É aqui que o marketing assume um papel crucial: estender a vida útil dos produtos e preservar os materiais. Além disso, o marketing tem a responsabilidade de incentivar os consumidores a adotarem práticas de descarte responsáveis.

O marketing pode ser um catalisador para a criação de novos modelos de negócios que promovam a circularidade. Ao adotar modelos de negócios baseados em serviços, em vez de apenas vender produtos e construir modelos baseados na obsolescência programada, as empresas podem prolongar a vida útil dos produtos e assumir maior responsabilidade por sua recuperação e reciclagem. No entanto, é essencial aprimorar a formação técnica do profissional de marketing. É necessário que eles adquiram um conhecimento profundo dos materiais utilizados em seus produtos e embalagens. Os desafios relacionados ao uso correto dos recursos naturais, descarte e reciclagem exigem expertise nesse aspecto. Além disso, a atuação em equipe é crucial, com a necessidade de colaboração entre as equipes de design, desenvolvimento de produtos, produção, logística e sustentabilidade.

Um exemplo desafiador são as embalagens flexíveis de plástico, amplamente utilizadas em diversos produtos de consumo. Embora leves e eficientes para transporte, essas embalagens contêm múltiplas camadas de plástico com funções específicas, como proteção contra a água ou base para tintas de identificação de marcas. Apesar de suas vantagens, a complexidade dessas embalagens dificulta sua reciclagem e gera desperdício de recursos. Superar esse desafio na fase de concepção do produto é crucial para aprimorar a circularidade dos materiais.

Ao aliar eficiência econômica às melhores práticas ambientais, podemos trilhar um caminho sustentável, onde a economia circular se torne não apenas uma ideia inovadora, mas uma realidade presente em todos os níveis da sociedade. Esse esforço deve envolver a cadeia produtiva, promovendo a colaboração entre empresas para melhorar a eficiência no uso de recursos, e as esferas governamentais, que devem oferecer incentivos fiscais relevantes.

Em um momento em que a sustentabilidade e a economia circular são cada vez mais necessárias, o marketing moderno precisa abraçar e liderar esse movimento nas empresas. Soluções sustentáveis e inteligentes devem ser consideradas desde a concepção do produto e desenhadas para serem utilizadas ao longo de todo o seu ciclo de vida. As marcas devem abraçar os princípios de redução de matéria-prima e desperdício, resultando em menores emissões. Isso pode transformar a forma de promover e posicionar os produtos. Um desafio atual e inspirador a ser enfrentado.

Ricardo Esturaro é escritor, administrador de empresas e especialista em marketing, estratégia e sustentabilidade
ricardo@esturaro.com