Ser diverso, ter um ambiente plural, faz parte da inovação. Eu diria até que é um dos principais pilares de qualquer companhia hoje em dia. Acontece que quanto mais a empresa cresce, mais desafiador é implementar a diversidade. Por isso, as startups que levarem isso a sério desde o início terão a possibilidade de estabelecer um ambiente inclusivo e com propósito logo na partida. E para isso é preciso mudar o cenário atual.

Um estudo feito pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups), divulgado em novembro do ano passado, mostrou o quanto a inclusão de grupos minoritários (negros, indígenas, LGBTQIA+, pessoas com deficiência - PCDs) está devagar. A pesquisa ouviu 2,5 mil startups entre agosto e setembro de 2021. As empresas foram questionadas sobre o apoio à diversidade e cerca de 96,8% respondeu que concorda com esse movimento. Mas quando perguntadas se possuíam algum tipo de processo para a inclusão de minorias, 60,7% das startups disseram que não tinham nenhuma ação específica para isso. Muitas vezes o fundador está focado no dia a dia do negócio e acaba deixando temas importantes como o da diversidade de lado.

É aí que entra o papel do Conselho Consultivo. Ao contrário do Conselho de Administração, que é uma obrigação legal para as empresas de capital aberto, o Consultivo é uma iniciativa da própria empresa e tem a missão de orientar, aconselhar. Ele pode auxiliar a empresa a não apenas iniciar um processo de diversidade como a entrar no ecossistema do momento no universo dos negócios que é o  ESG (Environmental, Social and Governance, em português, Ambiental, Social e Governança), as três letras que colocaram a gestão de negócios em outro patamar e têm toda a atenção dos investidores globais.

Importante ressaltar que o ecossistema das startups tem a possibilidade de oxigenar não somente as grandes organizações já estabelecidas, mas também a sociedade. Uma equipe diversa traz uma ampla gama de conhecimentos e experiência para a empresa e também abre portas para a colaboração com diversos públicos, ajudando na entrada de novos mercados, pois conversa com um universo maior de consumidores. E todo esse processo pode ser executado com a ajuda de um Conselho Consultivo que tenha profissionais preparados e experientes em diversidade e inclusão. Afinal, um dos papéis do Conselho Consultivo
é oferecer uma perspectiva diferente, um novo olhar sobre uma empresa, especialmente se o empresário escolher integrantes com diferentes backgrounds.

Portanto, sim; startups e diversidade podem e devem andar juntas desde o início, a começar pela formação da equipe, dos principais líderes. A atual pandemia de Covid-19 teve um impacto gigante nas empresas e na economia de todos os países onde surgiu. Para as empresas, sobreviver neste momento turbulento é a maior prioridade. Decisões importantes precisam ser tomadas de forma rápida e consciente, como buscar apoio financeiro e consolidar a capacidade da força de trabalho. Por outro lado, as empresas estão precisando adotar novas formas de trabalho (híbrido, remoto, presencial) além de cuidar da saúde mental de seus times. E nesse processo todo, a opção pela diversidade e inclusão no ambiente de trabalho, na estratégia de negócios, na escolha dos fornecedores, pode ter um impacto significativo na recuperação sustentável do negócio.

Guilherme Saccomani é CFO do Grupo Publicis Brasil, conselheiro consultivo certificado, membro da ABC3 e associado ao BR Angels
guilherme.saccomani@publicisgroupe.com