Enquanto eu desenvolvia uma estratégia de comunidade para uma marca do setor de saúde, essa foi uma das perguntas que mais surgiu nas salas de reunião. Afinal, o que separa uma marca que tem comunidade de uma marca que não tem?
Para responder a essa pergunta é preciso esbarrar no campo conceitual. Por isso, busquei o máximo de informações possíveis sobre o assunto para definir algumas premissas que poderiam funcionar como critérios indispensáveis nesse planejamento (esse artigo da Harvard Business School foi o que mais me ajudou nesse processo).
Para além do bê-á-bá dos essenciais de uma comunidade, o que considero mais valioso é o quanto essa é uma decisão que vai além da área de marketing de uma empresa. A decisão de trabalhar com uma comunidade é sobre a condição de existência do negócio. É preciso se comportar como uma para ser parte dela. E aqui é o ponto de encontro de qualquer comunidade de qualquer marca: para fazer parte é preciso oferecer algum valor para as pessoas.
Sabendo disso, aproveitei o momento para também perguntar para o chatbot com inteligência artificial mais falado do momento, o Chat GPT: toda marca pode ter uma comunidade? E a resposta foi essa aqui:
"Não necessariamente. Uma marca pode ter uma comunidade de seguidores fiéis e engajados, mas isso não significa que todos os tipos de marcas possam se transformar em comunidades. As marcas que tendem a ser mais bem-sucedidas em criar comunidades são aquelas que têm valores e propósitos compartilhados com seus clientes e que cultivam um senso de identidade em torno de seus produtos ou serviços."
Concordo com a resposta que recebi, que é também bastante parecida com a conclusão que cheguei: toda marca pode, sim, se aproximar ou ser uma comunidade desde que ela tenha um contrato muito bem estabelecido com as pessoas que ela serve e também com as pessoas que a constroem. Essa construção envolve venda, mas está além do consumo. E esse contrato depende de alguns esforços para que o senso de comunidade passe a existir. Montei esse quadro para sair um pouco do plano das ideias:
Na prática, tudo vai ao encontro da descentralização. Em um evento idealizado por uma marca, por exemplo, o que podemos esperar de uma iniciativa que fomenta a comunidade? Um bate-papo prévio com uma amostra desse grupo para entender as suas necessidades? Foco em espaços voltados para a conexão dessas pessoas? Experiências que agregam para suas vivências pessoais? Conteúdo que é combustível para conversas mais interessantes das quais queremos participar? Tudo isso.
Mas não só. Quando saímos do campo prático, estamos assumindo posicionamentos que são percebidos e nem sempre ditos. O que quero dizer, no fim das contas, é que sabendo que toda marca tem o potencial de ser uma comunidade, toda marca também tem o potencial de se transformar - e aqui é onde vejo o valor da comunidade.
Jussara Coutinho é estrategista de social e Influência da DM9