Essa semana fui convidado pelos nossos clientes Filippo e Thayza, da Youse Seguros, para falar com o grupo multidisciplinar da empresa que está planejando o ano que vem. O assunto, criatividade.

Fico sempre muito esperançoso de maneira geral com o mercado quando as empresas de ambientes tecnológicos se abrem para falar sobre algo que até pouco tempo atrás não era top 5 nos assuntos mais discutidos. Como estimular, exercitar, apurar o critério para evoluir na arte de entreter e informar. Alguns assuntos:

Comecei com uma verdade que sempre me provocou curiosidade: todos somos criativos. Até os 7 anos somos artistas talentosos e promissores, sonhamos o tempo todo e conseguimos nos encantar com pouco ou quase nada. Procuramos formas simples e criativas de nos comunicarmos com o mundo. Depois de um tempo, por algum motivo, esse talento nato vai sendo apenas um dos ingredientes de uma construção de uma pessoa adulta. Mas alguns mantêm isso.

Buscar a criatividade no que fazemos é iniciar o processo de colocar esse garoto no comando novamente. Ele está lá em algum lugar e você o invoca quando aceita que pode fazer coisas ridículas, ruins até, mas que vai se divertir fazendo isso. É aí que você estende sua mão a essa criança interna e topa andar junto pelo caminho da criatividade.

Entre outras frases piegas que proferi, mas nas quais acredito muito, falamos sobre critério, que basicamente é ouvir não o tempo todo sem acordar desse modo emocional de buscar soluções que colaborem com empresas e organizações na busca por solucionar problemas. Considero o não como parte do processo. O não esculpe a ideia. Preservar a criatividade é ouvir imensos não sem desistir ou ficar parado. Mas evoluir. Outro assunto que abordei, a criatividade é cloud. Tá tudo numa massa de modelar do inconsciente coletivo, obviamente invisível, que se chama cultura. Cultura é uma grande sinapse. E para acessar essas ideias precisamos nos conectar com aquilo que não conseguimos ver, mas que esta por aí. Basta nos voltarmos para o lugar certo e baixar as ideias no papel. Nós somos antenas.

É por isso que a indústria global de criatividade alcançou excelência em sua atuação. Em grande parte porque as mensagens publicitárias precisam entreter, se colocar na mesma frequência dos sonhos das pessoas. Afinal, o que toda a gente faz é sonhar, 90% do tempo.

A criatividade conecta o sonho da marca com os sonhos das pessoas. O sonho, a inspiração e o desejo são as riquezas intangíveis que ninguém tira das pessoas porque elas guardam isso no coração.

Mas criatividade tem muito de disciplina. Manter-se na busca por uma ideia mesmo depois de ter 50 ou 60 delas rejeitadas. O ego te pergunta o tempo todo se viver assim no mundo da criatividade vale a pena. É preciso disposição para continuar criativo.

No fim das contas, vemos hoje uma profusão de fontes de números, dados, inteligência de dados virando commodities que você adquire no cartão de crédito por poucos reais. E são importantes, enquanto a criatividade segue sendo muito bem remunerada. Talvez não como foi outrora, mas ainda hoje uma profissão digna que permite centenas de milhares de pessoas no país a cuidarem de suas famílias.

A conversa foi por aí, ótima. Anos atras publiquei um livro sobre o tema pela Editora Nobel. “Manual prático de criação publicitaria”, Ilustrado por Marcelo Correa. Talvez esteja na hora de uma reedição atualizada e ampliada. A primeira frase seria: todos são criativos. O ponto é fazer isso 12 horas por dia, todos os dias, por mais de 25 anos.

Flavio Waiteman é CCO-founder da Tech and Soul
flavio.waiteman@techandsoul.com.br