Especialistas avaliam as consequências dos atos do empresário para a rede social
Depois de ter o Brasil no alvo, a bola da vez para Elon Musk é a Austrália. O bilionário, dono do X, o antigo Twitter, resolveu agora atacar a corte australiana, que, em decisão, mandou que fosse retirado imagens de um suposto ataque terrorista a Sydney.
A Corte Federal da Austrália ordenou que o X ocultasse, de forma temporária, as publicações que mostravam o vídeo do incidente, no qual um jovem foi acusado de terrorismo por esfaquear um padre e outras pessoas.
O X chegou a informar que as publicações já tinham sido bloqueadas, no entanto, a comissária de segurança eletrônica do país frisou que o conteúdo deveria ser retirado, já que continha cenas explícitas de violência.
Musk, que comprou o Twitter em 2022, tem como principal propósito declarado o que chama de 'salvar a liberdade de expressão' do mundo. Por aqui, no último dia 6, o conflito entre Elon Musk e o juiz Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), trouxe à tona as discussões de regulamentar as plataformas.
Our concern is that if ANY country is allowed to censor content for ALL countries, which is what the Australian “eSafety Commissar” is demanding, then what is to stop any country from controlling the entire Internet?
— Elon Musk (@elonmusk) April 22, 2024
We have already censored the content in question for… https://t.co/aca9E4uAB7
Na sua conta, Musk perguntou a Alexandre de Moraes: “Por que você está exigindo tanta censura no Brasil?”. A provocação foi lançada em um post antigo no perfil oficial de Moraes no X, que elogiava a nomeação de Ricardo Lewandowski como ministro da Justiça e Segurança Pública.
O bilionário deflagrou, então, uma sequência de reclamações. Disse que a plataforma “foi obrigada, por decisões judiciais, a bloquear contas populares no Brasil”, e que todas seriam reativadas. Ameaçou ainda fechar o escritório brasileiro.
Queda e imagem
Relatório divulgado no início ano pela empresa de investimentos Fidelity estimou que o valor do antigo Twitter tenha reduzido 71,5% em relação ao seu preço durante a compra, em 2022.
A Fidelity, que tem participação acionária da X Holdings Corp., já havia reduzido o valor estimado da plataforma para um terço do valor original, US$ 44 bilhões.
E tudo isso se dá em um momento de turbulência com países cujos mercados são importantes ao X, como o Brasil. Marcelo Crespo, coordenador dos cursos de direito da ESPM e especialista em direito digital, diz que não é possível mensurar as ranhuras na imagem da empresa de Musk.
"Mas é natural e esperado que eventualmente surjam consequências jurídicas, especialmente mais pelo fato de vir a descumprir ordens judiciais do que efetivamente se fazer críticas a como funcionam as leis e os julgamentos dos tribunais", afirma.
Mariana Munis, professora do curso de marketing da Universidade Presbiteriana Mackenzie de Campinas, alerta que pode comprometer a credibilidade diante dos steakholders, além de impactar nos riscos de investir capital na empresa, em um processo de desvalorização que já vinha acontecendo após Musk comprar a companhia.
Em outubro de 2022, o sul-africano arrematou a compra do então Twitter por US$ 44 bilhões; um ano depois, a empresa valia US$ 19 bi.