Especialistas avaliam as consequências dos atos do empresário para a rede social
Depois de ter o Brasil no alvo, a bola da vez para Elon Musk é a Austrália. O bilionário, dono do X, o antigo Twitter, resolveu agora atacar a corte australiana, que, em decisão, mandou que fosse retirado imagens de um suposto ataque terrorista a Sydney.
A Corte Federal da Austrália ordenou que o X ocultasse, de forma temporária, as publicações que mostravam o vídeo do incidente, no qual um jovem foi acusado de terrorismo por esfaquear um padre e outras pessoas.
O X chegou a informar que as publicações já tinham sido bloqueadas, no entanto, a comissária de segurança eletrônica do país frisou que o conteúdo deveria ser retirado, já que continha cenas explícitas de violência.
Musk, que comprou o Twitter em 2022, tem como principal propósito declarado o que chama de 'salvar a liberdade de expressão' do mundo. Por aqui, no último dia 6, o conflito entre Elon Musk e o juiz Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), trouxe à tona as discussões de regulamentar as plataformas.
Na sua conta, Musk perguntou a Alexandre de Moraes: “Por que você está exigindo tanta censura no Brasil?”. A provocação foi lançada em um post antigo no perfil oficial de Moraes no X, que elogiava a nomeação de Ricardo Lewandowski como ministro da Justiça e Segurança Pública.
O bilionário deflagrou, então, uma sequência de reclamações. Disse que a plataforma “foi obrigada, por decisões judiciais, a bloquear contas populares no Brasil”, e que todas seriam reativadas. Ameaçou ainda fechar o escritório brasileiro.
Queda e imagem
Relatório divulgado no início ano pela empresa de investimentos Fidelity estimou que o valor do antigo Twitter tenha reduzido 71,5% em relação ao seu preço durante a compra, em 2022.
A Fidelity, que tem participação acionária da X Holdings Corp., já havia reduzido o valor estimado da plataforma para um terço do valor original, US$ 44 bilhões.
E tudo isso se dá em um momento de turbulência com países cujos mercados são importantes ao X, como o Brasil. Marcelo Crespo, coordenador dos cursos de direito da ESPM e especialista em direito digital, diz que não é possível mensurar as ranhuras na imagem da empresa de Musk.
"Mas é natural e esperado que eventualmente surjam consequências jurídicas, especialmente mais pelo fato de vir a descumprir ordens judiciais do que efetivamente se fazer críticas a como funcionam as leis e os julgamentos dos tribunais", afirma.
Mariana Munis, professora do curso de marketing da Universidade Presbiteriana Mackenzie de Campinas, alerta que pode comprometer a credibilidade diante dos steakholders, além de impactar nos riscos de investir capital na empresa, em um processo de desvalorização que já vinha acontecendo após Musk comprar a companhia.
Em outubro de 2022, o sul-africano arrematou a compra do então Twitter por US$ 44 bilhões; um ano depois, a empresa valia US$ 19 bi.