A realização do Festival de Cannes e o fim do primeiro semestre costumam representar um momento de inflexão no mercado, em que mudanças importantes tomam curso. No entanto, poucas vezes se viu uma quantidade de novidades tão grande como no período que contempla os meses entre julho e setembro de 2019.
A Publicis Communications surpreendeu ao comunicar, em agosto, a saída de Fabio Fernandes da liderança da F/Nazca Saatchi & Saatchi. Fundador, presidente e diretor-executivo de criação de uma das principais agências brasileiras, não parece ter gostado da situação e disse em suas redes sociais que jamais deixaria a agência por sua vontade, e que não era do tipo que pula do barco. No mesmo mês, um dos principais clientes da agência, Skol, anunciou a migração de sua conta para a Gut, de Anselmo Ramos. Outro profissional do alto-escalão da F/Nazca, Pedro Prado foi para a Leo Burnett.
Mudanças diversas seguiram impactando o mercado, como as mudanças na FCB, onde Joanna Machado deixou a liderança criativa para assumir uma função na rede global. Ricardo John, após um período na antiga JWT, se tornou CEO e CCO da empresa. Após trajetória de 12 anos, Abel Reis deixou a liderança da Dentsu Aegis Network Brasil e o cargo foi assumido interinamente por Julio Castellanos. E teve novidade na Wunderman Thompson, onde Keka Morelle (ex-Almap) assumiu como CCO. Já a AlmapBBDO anunciou a saída da sócia e líder de estratégia Cintia Gonçalves, após 19 anos na empresa, que seguiu sob comando de Filipe Bartholomeu e Luiz Sanches. E, por fim, Guto Cappio deixou a posição de CEO da SunsetDDB.
Quem mudou, mas não mudou, foi a BETC/Havas, que contratou como managing director o publicitário José Boralli. Poucos dias depois, ele foi desligado da empresa, pela repercussão negativa herdada do caso de comentários sobre nordestinos feitos em rede social nas eleições presidenciais de 2018. Posteriormente, ele virou a página e atua, hoje, na Kallas. Movimentações atingiram ainda profissionais que estavam fora do mercado, como Marcelo Passos, ex-DM9DDB, que lançou sua agência Flagship.
O presidente Jair Bolsonaro foi motivo de polêmica no mercado no terceiro semestre. Ele chegou a anunciar a possibilidade de extinção da Ancine, mas decidiu-se pela transferência da agência a Brasília. Outra situação envolveu a Embratur, cuja nova marca causou furor nas redes sociais com o slogan “Visit and Love Us”. Também no trimestre foi veiculada a primeira campanha de Banco do Brasil após a polêmica da retirada do ar do filme “Selfie”. Mas a iniciativa que mais atraiu atenções foi a declaração de que o presidente iria editar uma medida provisório (MP) para mudar as regras da Bonificação por Volume (BV).
No âmbito das entidades, IAB Brasil (Interactive Advertising Bureau) comunicou ao Cenp (Conselho Executivo das Normas-Padrão) sua decisão de deixar de fazer parte da entidade. A decisão veio na esteira de um anúncio do CENP de uma série de complementações às suas normas, incluindo o reconhecimento de novos meios como veículos.
Na mídia, o setor de streaming teve grandes movimentações, como a do surgimento do HBO Max, serviço da WarnerMedia. No Brasil, houve diversas movimentações, como a de Roberto Mesquita, que deixou a Globoplay e foi para a Amazon Prime, sendo substituído na função por Erick Bretas. Já plataforma DAZN, focada em esportes, que estabeleceu sua equipe de marketing, mídia e comunicação no Brasil.
Quem seguiu promovendo furor no trimestre foi a CNN, que continuou contratando profissionais de concorrentes, como Mari Palma, Phelipe Siani, Monalisa Perrone e Reinaldo Gottino. No SBT, o executivo Fred Müller (ex-Globosat) assumiu no período com diretor executivo comercial, no lugar de Marcelo Parada.
O setor de mídia se movimentou com novos formatos, como as inserções na novela “A Dona do Pedaço”, da Globo. Foi no trimestre que surgiu a ação protagonizada pela personagem Vivi Guedes para Fiat, integrando os ambientes de ficção e propaganda. Outras marcas aproveitaram o novo formato, como Casas Bahia, que levou seu garoto-propaganda Fabiano Augusto para a novela. A nota triste na mídia ficou por conta da morte do jornalista Paulo Henrique Amorim.
Entre os anunciantes, a Claro anunciou a absorção da marca NET e de seus produtos. Para comunicar a novidade, as empresas, comandadas pela América Móvil, escolheram o apresentador Tiago Leifert como porta-voz. Já a marca Walmart deixou o Brasil, onde BIG se tornou a nova nomenclatura das lojas, por decisão do fundo Advent, que comprou 80% do Walmart Brasil. A empresa teve um dos processos mais curiosos de troca de agência no ano. Em maio, a conta de Walmart foi para a WMcCann, voltando em setembro, já como BIG, para a SunsetDDB. No final, em novo processo, a DPZ&T ficou com a verba.
No cenário internacional, destaque para a venda de 60% da Kantar pelo WPP para a Bain Capital, em acordo que avaliou a empresa em US$ 4 bilhões.
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