Aminha relação com o Cannes Lions existe há mais de 20 anos. Tudo começou quando a DPZ decidiu enviar uns caras do Atendimento para Cannes e eu fui um dos escolhidos. Éramos três profissionais fora do universo da Criação: Glaucio Binder (pela DPZ Rio), Oswaldinho Franchi e eu, pela DPZ S. Paulo.
Naquela época – mais de 20 anos atrás – éramos realmente estranhos no ninho. Só tinha criativos por lá. Eram poucas categorias de premiação e quase não havia conteúdo além da mostra de finalistas e cerimônias de premiação. Íamos para o Palais e ficávamos horas assistindo a comerciais. Foi uma experiência marcante na minha vida profissional e me propus a compartilhar com colegas da agência.
Depois disso, fui a Cannes umas 15 vezes, sempre realizando apresentações pós-festival, dividindo a minha percepção sobre tendências e insights, além de exibir os principais cases vencedores de Leões.
Mais recentemente, fiz parceria com o Estadão e a cobertura ficou mais séria, com a realização de roadshows pelo Brasil, fazendo apresentações organizadas pela Fenapro/Sinapro. Pois bem! Veio a pandemia e ficamos dois anos sem as versões presenciais do evento.
Mesmo assim, fiz a cobertura online no ano passado e as apresentações dos cases premiados e dos insights gerados. Este ano, apesar da volta do presencial, fiquei por aqui.
Mas continuei ligado ao festival, com acesso ao conteúdo disponibilizado à imprensa. E a descoberta é que, sim, dá para acompanhar o festival a distância.
Agora que estou dedicado à agenda ESG, fiz uma análise do conteúdo e dos cases premiados sob essa ótica, com posts diários sobre o tema. Foi muito rico e proveitoso. Até porque o festival deu muita atenção ao tema, com 69 opções de conteúdo dentro do universo ESG.
E são muitos os cases vencedores com essa pegada ambiental ou social. Ou seja, não foi ruim a experiência de acompanhar online. Alguns dirão: mas você não curtiu a Riviera Francesa e as delícias da Côte D’Azur?
Sem querer ser pernóstico, afirmo que, depois de tantos anos por lá, a Croisette
e os encantos da região já não são tão surpreendentes e atraentes. Além disso, como me proponho a cobrir o evento, quando estou por lá, são horas e horas dentro do Palais, com muito trabalho também à noite para completar textos e selecionar cases.
Mas, é claro, a experiência de estar em Cannes é sempre incrível e não vou desdenhar. Ao contrário, se tiver oportunidade, estarei presencialmente o ano que vem novamente. Vi as estatísticas do festival e tive a informação de que 40% dos inscritos estiveram no Cannes Lions pela primeira vez. Bastante gente! E minha pergunta para esses novos frequentadores é: foi bom pra você?
Valeu o dinheiro investido? Sim, porque sabemos que não sai barato. Afinal, é alta temporada na Riviera. Passagens aéreas e hospedagem caras. Despesas em euros nas alturas... E a correria para acompanhar as inúmeras opções de conteúdo, entre palestras, workshops, painéis e eventos paralelos? Não bateu uma sensação de FOMO em você? Comigo, sempre acontece.
Somos obrigados a fazer “escolhas de Sofia” todo o tempo, já que há muito conteúdo bom simultâneo. No final, fica aquela sensação de ter perdido algo bacana, não? Conseguiu participar de festas paralelas? Foi ao Pelorãn? Disseram-me que a pandemia fez estrago por lá, com muitos restaurantes tradicionais fechados, mas já substituídos por novos.
Deu uma esticada a Saint Paul-de-Vence ou Saint-Tropez? Foi arriscar umas fichas em Monaco? Fez um passeio de barco até a ilha de Sainte Marguerite? Mas a pergunta mais importante é: está voltando de lá com a cabeça cheia de questionamentos, insights e ideias?
Quanto a mim, fico dias com a síndrome pós-festival, mastigando os insights e pensando em como aproveitá-los. Muito bem, espero que tenha sido ótimo. Talvez nos vejamos por lá em 2023. À bientôt!
Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br